Nós, psicólogos, não falamos sobre o passado por termos um interesse mórbido por circunstâncias dolorosas. Tentamos entender os acontecimentos passados para poder determinar até que ponto eles ainda estão vivos no inconsciente presente.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: As mudanças rápidas são frequentemente temporárias, mas o crescimento lento transforma profundamente.
É preciso perceber a necessidade de mudar para que a terapia funcione. Para crescer tanto espiritual quanto psicologicamente temos de modificar a nossa maneira de pensar e de agir.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: As pessoas sábias estão sempre preparadas para mudar de ideia e de atitude; as tolas, jamais.
Para saber o que queremos, precisamos saber o que sentimos.
Quase todas as pessoas acham que arrepender-se significa sentir se mal quando procedem errado. O arrependimento para elas é uma autopunição ou um sentimento de culpa que merecemos por fazer o que não deveríamos ter feito. Jesus não via o arrependimento dessa maneira. Embora o filho indisciplinado na parábola do filho pródigo sinta-se mal e insista em afirmar que pecou contra o pai, Jesus mostra que o pai não se prende a esses sentimentos de culpa e alegra-se apenas por uma coisa: o filho mudou de idéia e voltou para casa. De acordo com Jesus, o ato de arrependimento do filho não aconteceu quando ele implorou o perdão do pai e sim quando decidiu mudar de vida e voltar para casa. O que fez diferença foi o fato de ele ter mudado de idéia e de atitude.
Jesus acreditava em dois tipos de culpa. O que os psicólogos chamam de verdadeira culpa, ele chamava de culpa baseada no amor. O que chamamos de falsa culpa, segundo ele, era a culpa fundamentada no medo. A verdadeira culpa é o remorso que sentimos quando magoamos aqueles que amamos; ela nos faz ter vontade de corrigir as coisas no nosso relacionamento com os outros. A falsa culpa é o medo da punição que está mais ligada à necessidade de nos protegermos depois que fazemos algo errado.
A falsa culpa raramente beneficia o nosso relacionamento com os outros. Na verdade, ela em geral nos prejudica e nos torna pessoas de convivência mais difícil. Sentimos a verdadeira culpa quando nossos relacionamentos são importantes para nós e nos sentimos motivados a curar as feridas provocadas por nosso comportamento. É esse o tipo de culpa que Jesus queria que sentíssemos.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A culpa motivada pelo amor cura a mágoa; a culpa baseada no medo só faz escondê-la.
Ter a coragem de ser imperfeito indica muito mais uma autoestima saudável do que fingir ser impecável.
Ter maturidade significa reconhecer que vamos continuar a pecar, mas seremos capazes de rever nossas ações e corrigi-las. Fingir ser impecável é na verdade um sinal de imaturidade. Jesus não definiu a maturidade espiritual como a ausência de imperfeições e sim como presença da força. Eis como interpreto os ensinamentos de Jesus: não nos sentimos mais amados porque somos perfeitos; desejamos ficar mais maduros porque nos sentimos amados.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O perfeccionismo é uma máscara e não uma meta.
Os bons relacionamentos nos curam. Não podemos ser psicologicamente saudáveis se não nos relacionarmos de um modo saudável com nós mesmos e com os outros. Os seres humanos foram criados desta maneira, ou seja, precisamos estar ligados aos outros para sermos completos. A psicoterapia é o processo de ajudar pessoas que estão perdidas a se reencontrarem. Ao estabelecer relacionamentos saudáveis com os outros, podemos reconduzi-los ao caminho da saúde psicológica.
Entendendo o vício… Algumas pessoas têm dificuldade em relacionar-se com Deus, mas, como precisam ligar-se a alguma coisa, colocam objetos no lugar dele. É assim que Jesus definia a idolatria. Ele sabia que o homem rico precisava renunciar à sua veneração pela riqueza para poder abrir espaço no coração para um relacionamento com Deus.
Algumas pessoas têm dificuldade em relacionar-se com outras pessoas. Quando seus relacionamentos são ameaçados ou perdidos, elas os substituem por objetos. Esta é a definição de vício. Apegar-se a um objeto para compensar a nossa necessidade de amor insatisfeita pode funcionar, mas temporariamente.
A euforia que extraímos da posse de certos objetos pode nos fazer esquecer que na verdade precisamos de algo mais profundo.
Apenas uma coisa é capaz de curar o vício humano e expulsar a idolatria: o amor genuíno. Os seres humanos só ficam satisfeitos quando experimentam o que é autêntico.
Se as pessoas não conseguem expor seus verdadeiros sentimentos, nem mesmo a melhor terapia é capaz de produzir resultados.
O motivo pelo qual as pessoas não conseguem abandonar os seus vícios é o fato de eles funcionarem — temporariamente. Voltar-se para algo que produz repetidamente uma espécie de conforto dá às pessoas uma falsa sensação de segurança.
Elas conseguem afastar a dor de não conseguirem satisfazer as suas necessidades mais profundas. Os relacionamentos são desafiantes e trabalhosos porque nos fazem exigências.
É fácil viciarmos-nos em coisas materiais e acreditar que elas podem substituir as nossas necessidades emocionais. Quando nos viciamos nelas, é muito difícil largá-las.
O sucesso é um Deus egoísta – quando o veneramos, ele nos empobrece espiritualmente. Ele nos ajudará a colecionar ídolos, mas não nos ajudará a sermos pessoas melhores.
Jesus nunca encorajou as pessoas a evitar o sofrimento na vida, porque ele não estava interessado em um alívio rápido. Ele não queria que as pessoas apenas se sentissem melhor, mas que elas efetivamente melhorassem.
Para Jesus, a religião e a idolatria eram absolutamente diferentes. Os fariseus e os escribas eram pessoas sinceramente religiosas que não se consideravam idolatras, porque adoravam a Deus. Mas Jesus advertiu que não devemos usar a religião para parecer íntegros, escondendo dentro de nós os nossos verdadeiros sentimentos. Para ele, a integridade baseada nos relacionamentos era muito mais importante do que a integridade fundamentada em dogmas. Aquilo que Jesus descrevia como idolatria eu vejo hoje no meu consultório como vício.
Para Jesus, o propósito da religião era favorecer o relacionamento com Deus e com os outros e não substituí-lo. Às vezes as pessoas usam a religião para se sentirem melhor, exatamente como os viciados com as drogas. No caso da idolatria, as leis e os rituais religiosos se tornam a “droga,” proporcionando às pessoas à ilusão de serem melhores do que realmente são.
A terapia é extremamente útil para as pessoas que chegam à conclusão de que não têm respostas para seus problemas e desejam entendê-los.
TER NECESSIDADES NÃO FAZ DE NÓS PESSOAS CARENTES
As pessoas são criaturas dependentes. Precisamos dos outros para sermos completos.
Jesus encorajava as pessoas a confiarem nele e a contarem com ele. Ele não encarava a dependência como um problema, mas como algo necessário para uma vida espiritual realizada. Jesus compreendia que os seres humanos precisam depender de Deus e dos outros para sobreviver. Tentar ser totalmente independente significa rejeitar a nossa natureza fundamental. Para Jesus, a nossa capacidade de ser vulneráveis e acolher a nossa dependência é que nos conduz à totalidade. Aqueles que se recusam a ser dependentes estão apenas fingindo que têm tudo de que precisam.
Atingimos a verdadeira serenidade quando sabemos que podemos contar com alguém que nos faz sentir seguros. Desenvolvemos a capacidade de nos acalmar ao sermos tranqüilizados por aqueles que se preocupam conosco. Podem ser os outros, mas podemos ser nós mesmos quando nos fortalecemos emocionalmente. O motivo pelo qual muitas pessoas se voltam para os vícios é o fato de nunca terem tido no passado alguém que as ajudasse a sentir-se seguras, desenvolvendo assim a capacidade de serenar a si mesmas. Elas usam o vício para se acalmar artificialmente ou para evitar o medo.
Jesus sabia como encontrar a serenidade: permanecendo ao lado de Deus. Todos estamos em busca de segurança e só podemos encontrá-la se nos sentirmos protegidos dos perigos existentes na vida. Onde no universo poderíamos encontrar um lugar mais seguro do que ao lado do nosso Criador? Jesus acreditava que só então poderíamos encontrar a paz de espírito. Para ele, aqueles que encontram a verdadeira serenidade nunca estão sozinhos.
CONHECENDO OS SEUS SENTIMENTOS
Jesus ensinou que o que sentimos no coração determina quem somos. Ele falou em renascer, viver com fé e ter um coração de criança. Ele queria que fôssemos como crianças porque estas são inocentes, crédulas e abertas às suas emoções. As pessoas profundamente espiritualizadas têm consciência de suas emoções. Jesus gostava de desafiar a maneira como as pessoas pensam.
Para sermos grandes, disse ele, precisamos ser pequenos. Para sermos líderes, precisamos servir aos outros. Para sermos profundos pensadores, temos que ser capazes de sentir. Jesus ensinou que a identidade do ser humano é uma questão do coração.
Ser infantil é ser imaturo e recusar-se a assumir a plena responsabilidade pelas próprias ações. Ser como as crianças é assumir responsabilidade e ao mesmo tempo ser capaz de entregar-se às emoções. Jesus atribuía uma grande importância ao fato de sermos como as crianças.
Os pais que acolhem os sentimentos dos seus filhos estão na verdade ajudando- os a solidificar uma identidade que os conduzirá através da vida. Ajudar as crianças, e também os adultos, a identificar os seus sentimentos os ajuda a crescer.
O entendimento emocional cria um vínculo.
Nós nos sentimos aprovados quando os outros concordam intelectualmente conosco, e somos confortados quando eles nos protegem fisicamente, mas só nos sentimos ligados quando compartilhamos com eles experiências emocionais. Os puros de coração têm uma conexão especial com Deus não apenas porque são sinceros, mas também por causa da sua capacidade de saber claramente como se sentem.
O PAPEL DOS SENTIMENTOS NA NOSSA CONEXÃO COM OS OUTROS
Ser íntimos dos nossos colegas de trabalho não é importante; ser íntimos do nosso cônjuge é. A meta no trabalho é desempenhar tarefas. O objetivo em casa, além de desempenhar as tarefas domésticas, é sobretudo amar um ao outro, e a maneira de fazer isso é prestando atenção aos sentimentos mútuos.
A conexão entre as pessoas só é plenamente exercida quando a intimidade é vivida pela expressão clara dos sentimentos. Eles não eram capazes de experimentar a intimidade sem uma maior clareza no coração. Como Jesus previu, é preciso pureza de coração para construir um relacionamento feliz.
Ele sabia que as pessoas estabelecem contato através das emoções e que as nossas divergências mais sérias não são a respeito do que pensamos, mas o resultado de como fomos emocionalmente feridos.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O sofrimento é tolerável se não tivermos que suportá-lo sozinhos.
Algumas das pessoas mais sábias que conheço sofreram muito na vida, mas o mesmo posso dizer de algumas das pessoas mais amargas que encontrei. Jesus sabia que o sofrimento pode nos tornar melhores ou mais amargos. O próprio sofrimento dele era uma parte inevitável da sua vida, e enfrentá-lo foi fundamental para a sua missão na Terra.
Jesus demonstrou com sua vida qual é a maneira de sobreviver ao sofrimento. Mesmo nos momentos mais difíceis, Jesus nunca perdeu a sua ligação com Deus. Ele não tentou passar sozinho pelo sofrimento. E é isso o que ele nos ensina.
POR QUE O SOFRIMENTO SE TORNA TRAUMÁTICO
Algumas crianças que sofreram circunstâncias extremamente difíceis tornaram-se relativamente equilibradas, ao passo que outras que passaram por um sofrimento muito menor parecem psicologicamente mais prejudicadas. A explicação está na diferença entre dano psicológico e trauma psicológico.
O dano psicológico é aquele que sofremos quando somos atingidos emocionalmente. Isso acontece com todos nós. As pessoas que nos criaram podem deixar de satisfazer de maneira significativa algumas de nossas necessidades, e podemos também ser expostos a circunstâncias cruéis, ou agredidos por alguém de um modo que nos magoe profundamente.
O trauma psicológico acontece quando ninguém está presente para nos dar apoio e nos ajudar a compreender os danos que sofremos. Os danos psicológicos podem causar traumas que nos deixam com a impressão de sermos fracos, incompetentes, defeituosos e perseguidos. Um evento doloroso torna-se traumático quando adquire um significado negativo a respeito de quem somos. Os eventos traumáticos do passado podem transformar-se em demônios que nos perseguem a vida inteira. Ter a presença de uma pessoa que se mostre receptiva à nossa dor faz toda a diferença do mundo. Jesus sabia que precisamos da ajuda dos outros quando somos magoados para evitar que os demônios voltem a nos ferir ainda mais.
Os demônios adoram trabalhar em segredo, mas fogem quando são forçados a se tornar visíveis.
Jesus sabia que todos sofremos danos, mas não temos que viver traumatizados por causa deles. Ele acreditava que, se compartilharmos o fardo das ofensas que recebemos com alguém em quem confiamos, poderemos evitar que elas se transformem em trauma. O tempo por si só não é capaz de curar. Se não procurarmos ajuda, os demônios do passado ficarão presentes. O tempo por si só não é capaz de curar.
CONHECENDO O SEU INCONSCIENTE
O inconsciente é uma maneira de descrever o modo como a mente filtra o pensamento. É o jeito que a nossa mente tem de evitar que pensemos a respeito de tudo de uma vez só. Como não podemos lidar com tudo de uma única vez, não podemos estar plenamente conscientes de tudo o que se passa na nossa mente em um determinado momento. O problema não é o fato de a nossa mente operar inconscientemente e sim de não termos consciência disso.
Trabalhamos os nossos assuntos inacabados no inconsciente.
Questões problemáticas ou não resolvidas do passado ficam armazenadas no inconsciente e são frequentemente revisitadas.
Sem perceber, ficamos repetindo o passado na tentativa de corrigi-lo.
Por isso é importante conhecer o inconsciente.
Somos criaturas de hábitos. Encontramos segurança nas nossas rotinas e identidade nas nossas tradições. Alguns hábitos são bons e Jesus recomendou que seguíssemos certas tradições para nos relacionarmos melhor uns com os outros e com Deus. Ele sabia que precisamos de gestos concretos para expressar o amor nos nossos relacionamentos.
O problema surge quando ficamos presos inconscientemente aos hábitos, porque esta atitude nos faz repetir atividades do passado sem que nos apercebamos disso. Jesus não queria que as pessoas seguissem hábitos e tradições sem estar conscientes das razões pelas quais faziam assim. Seguir tradições pode ser benéfico, mas aderir inconscientemente a elas pode trazer prejuízos.
Se as nossas tradições são fator de crescimento para a nossa família, elas são boas, mas, se acontece o contrário, precisamos prestar atenção à advertência de Jesus.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Se você pensa rigidamente que está certo, reveja seu pensamento.
No nível mais profundo, todos nós vivemos em função das convicções armazenadas no inconsciente. Elas guiam automaticamente o nosso comportamento sem que o percebamos. Quando essas convicções são negativas, nosso comportamento, com freqüência, é autodestrutivo. Tomar consciência dessas convicções inconscientes é a única maneira de modificar o comportamento externo de uma forma duradoura.
Jesus sabia que o único modo de mudar o comportamento externo das pessoas era modificando o que elas acreditam interiormente. A não ser que sejamos capazes de ter acesso às nossas profundezas, estamos destinados a viver uma vida influenciada pelas marcas do passado. Mudanças no comportamento ou na aparência externa têm pouca probabilidade de durar se não descobrirmos os motivos enterrados na profundidade do nosso ser. Foi por esse motivo que Jesus nos disse para limpar primeiro o interior do copo.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL:
A mudança duradoura acontece de dentro para fora.
Estamos continuamente transferindo as nossas convicções inconscientes baseadas nas experiências passadas para o mundo que nos cerca hoje, observando constantemente o presente através do filtro inconsciente do nosso passado. Geralmente não sabemos que estamos fazendo isso, porque o fazemos automaticamente. A única maneira pela qual podemos abrir espaço para experiências novas é tomando consciência de como estamos projetando essas antigas convicções no nosso mundo de hoje.
“Como posso saber o que existe no meu inconsciente que pode estar me prejudicando?” Para responder a esta pergunta, digo às pessoas que pensem a respeito de tudo que elas não gostam nos outros. A seguir, peço-lhes para fazer uma lista das cinco coisas que mais detestam nas pessoas que as cercam. É provável que essas cinco coisas estejam enterradas em um lugar profundo que os analistas junguianos chamam de o “lado da sombra” do inconsciente.
Jesus parecia compreender que quando nos descobrimos odiando alguma coisa nos outros devemos parar e verificar se temos algo parecido em nós. Condenar os outros por um defeito contra o qual lutamos em nós mesmos é como preocupar-nos com o “cisco” nos olhos de uma pessoa, a respeito do qual nada podemos fazer, enquanto temos uma “trave” no olho que requer uma atenção imediata. Às vezes, a cura do nosso ódio pelas outras pessoas começa com um exame sincero do que guardamos no inconsciente.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O ódio aos outros frequentemente é sintoma de uma ferida interna em nós mesmos.
Jesus sabia que nós não temos que ser condenados a repetir a mesma história, mas esta se repetirá enquanto não recebermos ajuda dos outros. Precisamos do ponto de vista dos outros a fim de verdadeiramente compreender a nós mesmos. Podemos então optar por viver uma vida nova e diferente, porque estamos mais conscientes das influências inconscientes que estão determinando nossos comportamentos e nossa vida.
A missão espiritual que guiou a vida de Jesus resultou em benefícios psicológicos para todos os que tiveram contato com ele. Hoje em dia chamamos isso de psicoterapia. Na vida de Jesus, era simplesmente sua maneira de ser. As pessoas tomam consciência de seus mecanismos inconscientes com a ajuda de outra pessoa.
Às vezes, o “homem forte” que precisamos que outra pessoa nos ajude a amarrar é a nossa parte inconsciente.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A mudança nos pontos de vista tem o poder de mudar a história.
CONHECENDO A VERDADEIRA HUMILDADE
Jesus criticava o amor-próprio excessivo porque acreditava que as pessoas que aceitam depender de Deus e abrem mão da autossuficiência alcançam a plenitude. É preciso humildade para reconhecer que não somos Deus e saber que precisamos nos relacionar com ele para sermos espiritualmente completos. Essa mesma humildade nos permite compreender que também necessitamos dos outros para sermos emocionalmente completos.
Deixamos de ser humildes e fingimos ser superiores aos outros quando sentimos medo de admitir que temos necessidade deles.
Não somos unidades autossuficientes e sim seres interligados.
Ao contrário dos fariseus, temos que agradecer a Deus por sermos como as outras pessoas, porque isso nos coloca no caminho para conhecer a plenitude.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A arrogância que nos leva a acreditar que somos superiores aos outros tem origem no medo de sermos inferiores.
A solidão é a principal causa do suicídio.
Quando somos feridos no nosso nível mais profundo precisamos passar por um processo que exige a nossa participação ativa. Precisamos nos esforçar para identificar o que foi ferido no nosso coração e nos nossos relacionamentos para em seguida perdoar. Esta seqüência geralmente não é fácil e raramente é instantânea.
Na época de Jesus, as pessoas também desejavam soluções imediatas. Elas preferiam os milagres ao trabalho árduo. Mas Jesus não estava interessado simplesmente em ajudar as pessoas a se sentir melhor; ele queria que elas de fato melhorassem. Para ele, isso significava lidar com as feridas do coração e dos relacionamentos que exigiam perdão e reconciliação. Ele sabia que às vezes era mais fácil dizer a uma pessoa fisicamente debilitada “levanta-te e anda” do que dizer “teus pecados estão perdoados”. Curar fisicamente o corpo era fácil quando comparado com o arrependimento e o perdão necessários no coração humano.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: É mais fácil desculpar as pessoas do que perdoá-las; mas para o nosso crescimento o ideal é perdoar.
CONHECENDO O SEU PODER PESSOAL
O verdadeiro teste do poder pessoal não reside em controlar os outros, mas em dar-lhes poder.
Apesar de ter sido um dos maiores líderes espirituais da história, Jesus passou muito pouco tempo em lugares religiosos, pois quase sempre ficava onde as pessoas viviam. Ele estava interessado nas pessoas e exerceu grande influência na vida daqueles que conheceu.
Jesus sabia que a empatia era o segredo do verdadeiro poder pessoal.
Empatia é uma atitude de interesse e acolhida. É ela que possibilita o verdadeiro entendimento. Quando existe uma verdadeira empatia, o resultado pode ser transformador.
O consultório do psicólogo não é um lugar onde se consertam as pessoas. Ele não precisava de mim para lhe dar conselhos e corrigir seus problemas. Ele necessitava de mim para ajudá-lo a se compreender melhor, para que então ele pudesse dar melhores conselhos para si mesmo e fazer escolhas mais saudáveis.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A maior expressão de empatia é sermos compreensivos com alguém de quem não gostamos.
Solidariedade é diferente de empatia. Solidariedade é o sentimento de compaixão por outra pessoa, que pode assumir a forma de calor humano, misericórdia ou mesmo piedade. Podemos ser solidários com as pessoas mesmo quando não as entendemos. A solidariedade era um dos aspectos do poder pessoal de Jesus.
Jesus não veio ficar entre nós porque “Deus amava tanto o mundo”. Ele nunca se aproximou das pessoas transmitindo-lhes a ideia de que elas precisavam mudar para serem dignas de amor.
Ninguém precisava fazer nada para conquistar o seu amor, pois ele amava as pessoas por serem quem eram, com todas as imperfeições que pudessem ter. Jesus era poderoso porque era solidário com as pessoas.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A compaixão é um precioso instrumento de transformação.
CONHECENDO O SEU VERDADEIRO VALOR
Embora Marta achasse que sua irmã estava sendo egocêntrica ao deixar de ajudá-la, Maria, ao contrário, estava crescendo espiritualmente ao concentrar-se no relacionamento com Jesus.
Ele nos ensina que só podemos encontrar o nosso centro espiritual interior ao reconhecê-lo como a dimensão do divino em nós.
A retidão espiritual envolve confiar em alguém maior do que nós, o que é diferente de confiarmos apenas em nós. Marta confiava apenas em si e em seu trabalho. Maria procurava a retidão espiritual confiando e entregando-se a Deus.
Quando tentamos fazer as coisas completamente sozinhos, acabamos como Marta, nos esforçando para parecermos virtuosos aos nossos próprios olhos, mas sempre insatisfeitos.
Precisamos sentir-nos protegidos, mas não podemos obter esse sentimento sem que alguém maior do que nós esteja presente quando precisarmos.
Sob o aspecto psicológico, só podemos desenvolver a capacidade de nos acalmar se tivermos tido em nossa vida alguém em quem podíamos confiar e admirar durante a nossa fase de desenvolvimento. Jesus queria que as pessoas depositassem a sua confiança em Deus, porque é exatamente disso que elas precisam para conseguir a paz interior.
A CHAVE PARA A ESPIRITUALIDADE
Considero importante examinar o passado, mas não creio que devamos viver nele. Com essa observação, quero dizer que compreender o impacto da nossa história passada no nosso presente nos deixa livres para fazer as escolhas mais saudáveis.
Paradoxalmente, é conversando a respeito do passado que podemos libertar-nos dele.
Para ficar curada dos sentimentos dolorosos que tinha dentro de si, ela teria que conceder o perdão à pessoa mais difícil de perdoar – ela mesma.
A forma mais profunda de perdão é um processo de compreensão que exige esforço e mudança interior. Para chegar a este ponto, é necessário um processo mais ou menos longo. Quanto mais tomamos consciência de nossos sentimentos e os entendemos, mais podemos mudar de ideia e mais profundamente somos capazes de perdoar.
Jesus ensinou que o perdão é uma das ferramentas mais poderosas à disposição da humanidade. Muitos subestimam a importância psicológica do perdão. A vida de inúmeras pessoas foi transformada no decorrer da história humana por sentirem-se aceitas e perdoadas.
Jesus deixou muito claro que a sua definição do amor por si mesmo não significava egocentrismo. Para ele, o amor por si mesmo estava intimamente ligado ao amor pelos outros, assim como o ódio por si mesmo conectado ao abuso dos outros. Quando disse: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”, Jesus estava explicando que só pode amar os outros quem se ama. O amor a si mesmo não pode estar separado do amor aos outros; um depende do outro.
O amor se multiplica quando é distribuído, assim como o ódio destrói enquanto permitimos que ele exista.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O amor por si mesmo e o amor aos outros, um não pode ser praticado sem o outro.
O amor é gratuito, mas não é barato. A razão pela qual muitas pessoas temem os relacionamentos é que o amor nos deixa vulneráveis. O risco de sofrer é o preço que pagamos quando estabelecemos um relacionamento com outras pessoas. Mas o amor é a recompensa. Aqueles que estão dispostos a pagar esse preço poderão desenvolver o seu eu, e os que procuram evitar qualquer risco e se fecham tornam se egocêntricos.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Abrir-se para o amor é o que nos realiza.
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