Resumo retirado do capítulo 2 e 3 do Livro “Relacionamentos: uma confusão que vale a pena” de Paul Tripp e Timothy Lany
Algumas das nossas mais sublimes alegrias e das mais profundas dores foram por causa de relacionamentos. Há momentos em que queríamos poder viver sozinhos, e há outros em que somos gratos pela companhia. O fato, na verdade, é que relacionamentos cheios tanto de tristeza como de alegria tiveram uma influência significativa em nossa formação.
Tire um tempinho para pensar sobre os relacionamentos da sua vida. Tente lembrar-se dos relacionamentos familiares na sua infância.
Como vocês lidavam com conflitos? Qual era o método típico empregado para resolver problemas? Existia o hábito de perdoar um ao outro? Você chegou a ver um membro da família pedir e receber perdão? Normalmente, quais eram os modos de comunicação? Quem costumava ter a primeira palavra? Você cresceu numa família silenciosa ou barulhenta? Como era a conversa à mesa de jantar? Existiam assuntos tabus, ou era permitido falar sobre tudo e todos? Como vocês expressavam raiva? Existia um jeito de lidar com ela de forma construtiva?
A resposta a essas perguntas básicas revela a influência da sua família na maneira como você se relaciona com os outros.
- Não existem segredos que garantam relacionamentos livres de problemas
Temos a esperança de que um planejamento melhor, uma comunicação mais eficiente, uma definição clara dos papéis, uma estratégia para resolver conflitos, estudos sobre o sexo oposto e testes de personalidade – para citar apenas alguns poucos – façam a diferença. Talvez haja algum valor nisso tudo, mas se essas coisas fossem tudo o que precisássemos, então a vida, morte e ressurreição de Jesus teriam sido desnecessárias ou, no melhor dos casos, redundantes.
Habilidades e técnicas nos atraem porque nos fazem acreditar que os problemas relacionais podem ser resolvidos com ajustes de comportamento, sem mudanças nas inclinações do nosso coração. A Bíblia, porém, diz algo muito diferente. Ela diz que Cristo é a única esperança verdadeira para os relacionamentos, porque somente ele consegue sondar as profundezas do nosso coração coração e tratar das motivações e dos desejos em seu âmago.
Você já se perguntou, por que Deus simplesmente não melhora seus relacionamentos de um dia para o outro? Queremos que Deus simplesmente transforme o relacionamento, mas ele não se contenta antes que o relacionamento NOS transforme também. Foi assim que Deus quis que os relacionamentos funcionassem.
O que acontece em meio à confusão dos relacionamentos é que nosso coração é revelado, nossas fraquezas são expostas e nós começamos a chegar aos nossos limites.
O aspecto mais perigoso dos seus relacionamentos não é a sua fraqueza, mas sua ilusão de força. A autoconfiança quase sempre é ingrediente de um relacionamento ruim. Embora desejemos evitar a confusão e desfrutar de uma comunhão profunda e íntima, Deus diz que é no próprio processo de lidar com a confusão que encontramos essa intimidade.
Cada um já se deparou com o muro chamado “Por que se importar com outras pessoas?” Alcançamos um ponto em nossos relacionamentos em que nos perguntamos se eles valem a pena. Uma esposa decide que não vale mais a pena abrir-se com seu marido. Um funcionário vai ao trabalho, fecha a porta e só aparece de novo na hora de ir para casa. Um adolescente volta da escola e vai para o quarto até ser instigado a juntar-se à família para o jantar. Nesta semana, alguém provavelmente deixou de frequentar um pequeno círculo de contatos porque acreditava que não valia o esforço. Reuniões familiares passam a ser nada além de um encontro de pessoas que compartilham o mesmo espaço geográfico, mas que não mantêm nenhum relacionamento significativo.
O que todas essas pessoas e cenários têm em comum? Todas elas já se depararam com a dificuldade de manter relacionamentos com pessoas falhas em um mundo danificado, e decidiram desligar-se deles. Essa reação é apropriada? É bom isolar-nos dos outros para que não sejamos magoados e não magoemos a outra pessoa? O que há de errado em não querer se arriscar?
Você está se distanciando dos outros devido a uma experiência dolorosa recente? Você está se aproximando de outros porque esteve sozinho por tempo demais? Qual a tendência que você observa em sua vida? Você normalmente tende a procurar o isolamento ou a imersão? Você prefere independência ou codependência?
DOIS EXTREMOS
Apesar de a maioria de nós não viver em nenhum desses dois extremos, nós demonstramos uma inclinação para um lado ou outro em todos os nossos relacionamentos:
Eu quero estar seguro (isolado) x Eu preciso de você para viver (imersão)
Na maioria dos casos, quaisquer que sejam os problemas que enfrentamos em nossos relacionamentos, eles tendem a se encaixar em um de três perfis relacionais.
1 Relacionamento frustrado:
Aqui, uma pessoa procura o isolamento; a outra, a imersão. Uma das duas deseja segurança; a outra, proximidade e intimidade. Imagine como cada uma delas faria os preparativos para as férias. Aquela que procura o isolamento coloca uma pilha de livros na mala, aquela que deseja a imersão lota a agenda com atividades a dois. Como deve ser o sentimento de viver nesse tipo de relacionamento?
O isolacionista se sente esmagado; o imersionista se sente rejeitado. Já que as expectativas de ambos são constantemente frustradas, o relacionamento é uma eterna decepção. Cada pessoa acha que o seu ponto de vista e as suas expectativas são justas e razoáveis, e assim a decepção de ambos acaba se transformando em raiva.
2. Relacioamento emaranhado
Aqui, ambos buscam a imersão. Eles embarcam na montanha russa das emoções um do outro. Por dependerem tanto um do outro, eles são magoados facilmente quando suas necessidades não são satisfeitas pelo outro. As suas expectativas são tão altas que elas tendem a se isolar de outras pessoas. Se essas duas pessoas fossem passar as férias juntas, elas gastariam cada momento do dia juntas. Você pode até pensar que expectativas semelhantes resultassem em paz e harmonia, mas o fato é que isso produz mais problemas, pelo menos nesse tipo de relacionamento. Pelo fato de cada um esperar que o outro satisfaça as altíssimas expectativas relacionais, ambos se tornam muito sensíveis, são facilmente magoados e desenvolvem uma atitude crítica. Muita energia é gasta no relacionamento para lidar com ofensas menores, sejam elas reais ou imaginárias. Cada um se sente magoado porque aquilo que espera da outra pessoa nunca é completamente cumprido.
3. Relacionamento isolado
Aqui, ambos se aproximam do isolamento. Cada um está muito atento aos perigos de um relacionamento e sempre dá preferência à segurança. As conversas são limitadas, seguras e impessoais. Ambos preferem revelar pouco de si. As férias ideais para esses dois incluiriam muito tempo para cada um, com um mínimo de interação. Cada um leria um livro diferente, imerso em seu mundo particular. Esse tipo de relacionamento é complicado porque o seu desejo por segurança e independência colide com seu anseio por um relacionamento. Já que são seres sociais feitos à imagem de Deus, ambos sentem falta de alguma forma de conexão, mesmo que seja fraca. E apesar de ambos desejarem segurança, é o seu desejo por ela que os separa, tornando o seu relacionamento vazio e decepcionante.