Inclusão de crianças com Síndrome de Down

Curso realizado em 2020 pelo PROED

 

O principal motivo das crianças irem para escola, é que vão encontrar um espaço democrático, onde poderão compartilhar o conhecimento e a experiência com o diferente. Todas as crianças tem o direito à educação assegurada pela lei.


Quando a criança apresenta limitações que dificultem seu processo de aprendizagem, faz necessário criar propostas de ensino que respeitem o seu ritmo, adaptações curriculares para favorecer o aprendizado e despertar o interesse.

 

Pensando no histórico da escola inclusiva, desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, Declaração de Salamanca em 1994 são apresentadas a garantia de educação para todos. Em 1988, em nossa Constituição foi legitimada a oferta de demanda educacional especializada como corroboração aos outros documentos.

 

A Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN) em 1996 ofertou serviços de apoio especializado em escola regular para atender as peculiaridades. Em 2001 a resolução do Conselho Nacional de Educação assegura o serviço de educação especial e vários outros documentos foram importantes para responder a essa demanda.

Veja alguns programas e projetos implementados para incluir estudantes com necessidades especiais na rede pública, em parceria com o Ministério da Educação:

 

  1. Implantação de salas de recursos multifuncionais com mobiliários, equipamentos, materiais didáticos, pedagógicos e recursos de tecnologia assistiva para propiciarem atendimento educacional especializado.
  2. Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE com o programa Escola Acessível para promoção de acessibilidade arquitetônica em instituições escolares.
  3. Parceria com instituições públicas de educação superior para a formação continuada de professores com a oferta de cursos voltados para o atendimento educacional especializado, na modalidade a distância.
  4. Ação interministerial onde estão envolvidos os Ministérios da Educação, da Saúde, do Desenvolvimento Social e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, para monitoramento de pessoas com deficiência com idade de 0 a 18 anos que recebem o Benefício de Prestação Continuada –BPC.
  5. Organização de núcleos  para  altas  habilidades  /  Superdotação e de centros de apoio pedagógico a estudantes com surdez, em  todos os Estados brasileiros, visando ao atendimento de especificidades apresentadas, no âmbito do contexto escolar comum.
  6. Acessibilidade aos programas  de distribuição  de livros didáticos  e paradidáticos do Fundo Nacional de Desenvolvimento – FNDE,  em formatos acessíveis como: Braille, Libras, Dicionário trilíngue: português / inglês / libras e de laptops para estudantes cegos.

Diferentes papéis de quem faz parte do processo de inclusão

A escola precisa desenvolver uma nova cultura escolar, focada nos direitos humanos, em especial, ao direito de todos os alunos terem um ensino de qualidade, e como pressuposto básico a igualdade.

 

O professor desenvolve uma prática inclusiva na sala, proporcionando um ambiente acolhedor e não excludente. Gil (2005) também analisa estas questões, desta forma, sugere que as práticas inclusivas, tenham como participantes: o professor, a família, a coordenação pedagógica e principalmente os órgãos governamentais.

 

Professores da rede de educação estadual de Santa Catarina identificam a aquisição de valores como respeito e valorização às diferenças e solidariedade para os alunos, como resultado do convívio com colegas com necessidades especiais em escolas regulares. A inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema  regular de ensino beneficia seus colegas de turma tanto acadêmica, quanto socialmente.

 

Conhecendo a Síndrome de Down

Ela também é conhecida como trissomia do 21, foi descrita pelo médico inglês em 1866, John Down. Pode acontecer em todas as famílias, mas sabe-se que gestantes acima dos 35 anos tem mais probabilidade de gerar uma criança portadora da síndrome de down.

Características típicas: uma concepção equivocada diz que todos se desenvolvem da mesma forma, mas sabemos que todos nós somos diferentes. Os profissionais devem preparar o emocional de todo a família para mostrar que a criança é capaz de levar uma vida normal, só mais lentamente. Os pais podem estimular a criança a superar limites.

Os cabelos são finos e lisos e pode haver falhas de cabelo. As crianças portadoras da Síndrome têm a boca pequena se comparada com as crianças normais, e ficam com a boca aberta com a língua levemente projetada para fora, sendo que a língua é sulcada. A linguagem dessas crianças é bastante comprometida, principalmente se comparadas com o grupo de crianças com o desenvolvimento normal.

Os sindrômicos apresentam também, obesidade, mãos gordas e pequenas, orelhas pequenas em forma de concha, baixa estatura, arcaria dentária pequena, dedão do pé é mais separado dos demais, nariz arredondado, entre outras.          

Mas é importante lembrar que nem todas as características descritas, necessariamente, aparecerão em todas as crianças com está síndrome, porém cabe a nós conhecê-las, pois algumas dessas características precisarão de adaptações.

 

O diagnóstico clínico pode ser realizado nas primeiras horas de vida da criança pelas suas características físicas (fenotípicas) e, posteriormente, confirmado por análises citogenéticas do cariótipo de células em metáfase.

Quando uma família recebe uma criança com Síndrome de Down, deve encarar essa situação com amor, dedicação e humor e buscar soluções para que ela tenha um pleno desenvolvimento.  Cuidar dessa criança não é mais difícil do que cuidar de outras crianças; é apenas diferente. Você tem que fazer tudo o que faz com qualquer filho e acrescentar mais: mais atenção, mais dedicação, mais cuidado, mais informação, mais, mais e mais…”(TUNES,  e PIANTINO, 2001, p.33,34)

Sugestão do filme: O filho eterno


Estratégias e adaptações para uma prática inclusiva

A participação da família é imprescindível para a prática de tudo que a criança assimila. O objetivo principal é ajudar pessoas a lidar mais adequadamente com os problemas decorrentes das deficiências e no aconselhamento alguns pontos são importantes: ouvir as dúvidas e questionamentos, utilizar termos mais fáceis e que facilitem a compreensão, promover maior aceitação do problema, aconselhar a família inteira, trabalhar os sentimentos e atitudes, e facilitar a interação social do portador de necessidades especiais.

 

A superproteção dos pais em relação à criança pode influenciar de forma negativa no processo de desenvolvimento da criança e normalmente estes se concentram suas atenções nas deficiências da criança de modo que os fracassos recebem mais atenção que os sucessos e a criança fica limitada nas possibilidades que promovem a independência e a interação social.

 

Parceria entre educação e atendimento especializado (aee): buscando a melhor maneira de trabalhar com as deficiências de cada criança, para que seus alunos tenham acesso às melhores condições possíveis de aprendizagem.

 

O AEE é de fundamental importância porque trabalha as reais necessidades do aluno, respeitando os ritmos de aprendizagem e as peculiaridades de cada um, desenvolvendo a autonomia dos alunos, facilitando a aquisição de seus valores, além de favorecer a compreensão de conhecimentos relacionados à aplicação de situações de vida diária, contribuindo para o desenvolvimento das potencialidades de cada aluno proporcionando a aquisição de habilidades inter e intrapessoais, disponibilidade permanente para aprender, facilitando a caminhada ao saber; contribuir para que o aluno construa gradualmente os seus conhecimentos, pelos processos de avanços e recuos inerentes ao seu próprio ritmo, evoluindo a cada passo. É ofertado de maneira complementar.

 

É importante que o professor da sala do AEE seja dinâmico e criativo, a fim de facilitar o processo de ensino – aprendizagem do aluno deve trabalhar as peculiaridades de cada aluno ao longo de todo o processo de escolarização e acima de tudo esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum mantendo comunicação para que juntos possam criar estratégias para o desenvolvimento dos alunos.

 

O trabalho do professor do AEE é basicamente propor situações para que o aluno possa interagir e ao mesmo tempo sair de uma posição passiva diante da aprendizagem e passe para uma postura dinâmica de apropriação do saber. Dependendo de sua deficiência, a criança pode ser avaliada na sala de recursos multifuncionais, quanto à leitura, a escrita e ao raciocínio lógico.

 

É importante ressaltar que o professor da sala comum é o responsável pelo ensino e a aprendizagem do aluno e cabe ao professor do AEE conhecer o que o aluno sabe em função de sua experiência de vida, fazendo um trabalho articulado. Esta relação lado a lado, passo a passo, é a chave do sucesso de um trabalho bem sucedido.

 

Sexualidade da criança e do adolescente com síndrome de down

Ao iniciarmos este artigo sobre sexualidade, pensamos na responsabilidade em falar sobre o tema sexo, cujo assunto faz parte dos três tabus universais do homem: sexo, vida e morte.

 

Percebemos que a maior deficiência que as nossas crianças, jovens e adultos com deficiência têm para lidarem com sua sexualidade, não é por sua patologia clínica, sua competência cognitiva, seus transtornos motores e ou sensoriais, mas aquela que vem de fora deles, exercida por nós e pela sociedade: a deficiência de respeito e compreensão.

 

Entendemos que cada ser humano é diferente, não só em suas características físicas ou psíquicas como também em suas necessidades. Sendo assim, para falar de sexo temos que começar por nós. Como está nossa sexualidade, nosso afeto, se não andam bem como lidarei com o que é do outro?

 

A sexualidade é parte integrante de todo ser humano, está relacionada à intimidade, a afetividade, ao carinho, a ternura, a uma forma de expressão de sentir e expressar o amor humano através das relações afetivo-sexuais. Sua presença está em todos os aspectos da vida humana desde a concepção até a morte, manifestando-se em todas as fases da vida, infância, adolescência, fase adulta, terceira idade; sem distinção de raça, cor, sexo, deficiência, etc.; além de que não está apenas nos aspectos genitais, mas sendo considerada como uma das suas formas de expressão humana, porém nunca como forma isolada, como um fim em si mesma.

 

Podemos definir sexualidade como um conjunto colorido que contém contato, relação corpórea, psíquica, sentimental, desejo voltado a pessoas e objetos; sonhos e delírios; prazer, gozo e dor; perda, sofrimento e frustração; crescimento e futuro; consciência, plenitude do presente e memória do passado; processos estes que vão sendo elaborados e dando espaço para novas conquistas.

 

A entrada na puberdade a adolescência é uma fase complexa para todos os jovens e são particularmente confusos e frustrantes para a pessoa com síndrome de Down.

 

Nesse período a socialização atinge o seu momento de maior importância. Não é raro que o jovem com síndrome de Down apresente vários problemas graves de adaptação nesta fase, por suas próprias dificuldades de interação com os indivíduos de sua idade e de um modo por vezes inaceitável. As habilidades de socialização são limitadas e restritas.

 

Devido às suas limitações intelectuais, muitos argumentam que é impossível que as pessoas com síndrome de Down compreendam a sexualidade, um ledo engano. Alguns adolescentes com síndrome de Down podem ser impulsivos, “pegajosos” ou ficar durante muito tempo falando sobre um mesmo assunto, mas nada que um diálogo e um manejo “mediado” não resolvam. Eles precisam ser ouvidos e criarem formas concretas de apoios para construírem sua sexualidade, através de expressões artísticas, dança expressiva, teatro, fotos, figuras, dentre outros recursos que precisamos mediar para ajudá-los a construir seus afetos e pensamentos sobre sua sexualidade e identidade sexual, portanto serem protagonistas de sua própria história.

 

As famílias necessitam de um espaço para explorarem seus temores, suas resistências, rejeições, negações e ansiedades relacionadas à sexualidade do adolescente e precisam de orientação específica para traçar planos futuros para nova etapa de vida de seu filho (a).

 

A sexualidade é de grande importância no processo de desenvolvimento e educação do ser humano e, como tal, deve ser abordada também em relação às pessoas com deficiência. Sentem-se os “donos do mundo” como qualquer adolescente, acham que são capazes de fazer qualquer coisa, começam a descobrir o pensamento, as ilusões de profissões almejadas, e as desilusões, do que será quando crescer, se tornar adulto.

 

  • A grande diferença

Existe apenas uma grande barreira que separa pessoas com Down de pessoas comuns: a oportunidade. Pessoas com Down não são todas iguais, não merecem ser tratadas de forma infantilizada e nem são menos capazes. “No começo, recebia muitos comentários do tipo: ‘você vai ter um bebê para o resto da vida’. E eu respondia não: ele vai ser um rapaz, vai crescer, vai trabalhar. Toda mãe quer que o filho se desenvolva se torne independente”, conta Rafaela, mãe de Luiz Henrique, de um ano e sete meses. É esse tipo de comentário que mostra como a falta de informação pode desenhar um quadro completamente distorcido sobre a realidade dessas pessoas.

 

Antigamente, acreditava-se que a síndrome causava uma deficiência intelectual severa. Mas, hoje, sabe-se que com intervenções precoces, terapias e acompanhamento especializado, as crianças conseguem aprender e desenvolver a autonomia, respeitando seus próprios limites, como qualquer um. Síndrome de Down não é doença, é uma condição. Não causa problemas mentais, mas, sim deficiência intelectual. E as pessoas com Down não são todas amorosas e afetuosas, como rezam os estereótipos: cada uma tem a sua própria personalidade.

 

“Não há como combater os preconceitos, porque um pré-conceito é sempre sobre algo que não se conhece, mas é possível construir novos conceitos”, resume Zan. Do que as crianças, jovens a adultos com síndrome de Down precisam? De respeito, afeto e carinho, como qualquer outra pessoa. Não existe diferença – afinal, o que é normal? – existe diversidade. E quanto antes ensinarmos nossos filhos a enxergar pessoas, em vez de rótulos, mais feliz e justa será a nossa sociedade, com oportunidades iguais para todos. 

 

Afinal, que importa um cromossomo a mais?

Escrito Naíma Saleh http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2017/03/dia-internacional-da-sindrome-de-down-conquistas-e-desafios-na-luta-por-inclusao.html

 

Sugestão de estratégias pedagógicas: 

  • Contar histórias diversificadas;
  • Promover “hora das novidades” para que o aluno possa expressar notícias atuais ou fatos relacionados a sua vida em família, escola e comunidade;
  • Ouvir poemas, parlendas, músicas, adivinhações, trava-línguas,…;
  • Transmitir frases ritmadas;
  • Ler poemas para identificar rimas;
  • Distribuir livros e  revistas para folhear, observar gravuras, ler e interpretar;
  • Recortes em jornais e revistas para exposição de murais sobre anúncios, propagandas, etc.
  • Jogos utilizando as vogais maiúsculas e as vogais minúsculas;
  • Trabalhar com alinhavos;
  • Colagem sobre o nome;
  • Ficha do nome;
  • Pintura a dedo;
  • Recorte e colagem de diferentes tipos de letras: cursiva/ imprensa, maiúscula/minúscula;
  • Trabalhar com crachás para identificar vogais . letra inicial, final, encontros vocálicos, consoantes, letras e sílabas;
  • Confeccionar caderno de rótulos;
  • Fazer o treino da escrita transferindo da letra de imprensa para a cursiva;
  • Apresentar atividades com ilustrações relativas as vogais e encontros vocálicos para completar;
  • Confeccionar o caderno de linguagem por categorias com gravuras e nomes;
  • Confeccionar o jogo do bingo (nome dos alunos, alfabeto, vogais, sílabas, palavras,…)
  • Fixar cartazes com o alfabeto maiúsculo e minúsculo;
  • Desenhos relacionados com as letras estudadas;
  • Formar palavras utilizando sílabas em cartelas;
  • Desenvolver atividades com o alfabeto móvel;
  • Criar quebra-cabeça de palavras (ex: pa – to);
  • Confeccionar dominó: Gravura/palavra, palavra/palavra, sílabas,…
  • Confeccionar dados com sílabas;
  • Trabalhar com músicas que envolvam as letras do alfabeto, principalmente para introduzir famílias silábicas;
  • Trabalhar com atividades gráficas e escritas;
  • Obs.: Será enfatizado o trabalho com materiais concretos, que ao longo do desenvolvimento do projeto poderão ser confeccionados mediante a necessidade.