Introdução à linguagem silenciosa de Ricardo Ventura

A linguagem corporal é uma forma de comunicação não verbal, onde o corpo se comunica por meio de gestos,  expressões faciais, movimento dos olhos, proximidade entre locutor e interlocutor e posturas. Tudo isso é o  nosso subconsciente tentando transmitir uma mensagem. E, quando estamos mentindo, o subconsciente nos  mostra sinais.

A maior parte da nossa comunicação não está nas palavras, mas em detalhes que o nosso corpo transmite.

 

Um exemplo: o punho fechado com o polegar levantado na maioria dos países é interpretado como sinal de  “positivo”. Na Itália é considerado um gesto obsceno. O sinal de “ok” americano, no quando feito abaixo do  cotovelo no Brasil também ganha um outro significado. Por isso, é bom evitar gestos em viagens internacionais. hehe. 

A linguagem corporal também pode reforçar e enfatizar a o que está sendo dito, além de complementar ou  concluir raciocínios. 

É essencial que a Análise Não Verbal seja feita dentro de um contexto. Lembre-se sempre dessa palavra  CONTEXTO! 

 

Para os seres humanos, a linguagem corporal também tem um importante papel na sedução, já que a forma como  o indivíduo se comporta pode alterar a capacidade na conquista. A linguagem corporal masculina e feminina  revela, inclusive, a disponibilidade e interesse. é importante lembrar que você não pode confundir linguagem corporal com linguagem gestual.

O lado bom das emoções universais é que elas são “padrões”. Ou seja: o brasileiro irá se expressar da mesma  forma que um chinês. Independentemente do local onde mora ou a construção que teve durante a vida, o  indivíduo vai ter a mesma expressão facial ao ter uma mesma sensação, seja raiva, alegria, tristeza ou ódio. 

A posição dos olhos, por exemplo, é uma das maneiras de saber se a pessoa está acessando uma lembrança ou  inventando uma história. 

A Programação Neurolinguística (PNL) entende que todas as nossas atitudes estão diretamente relacionadas aos nossos cinco sentidos (visão,  audição, tato, paladar e olfato) e às sensações. Tudo o que fazemos, consciente ou inconscientemente, é com  base nesses sentidos. Se você acha uma flor bonita, é porque usou sua visão para enviar o recado ao cérebro, que  mexeu com seu corpo para reconhecer a beleza no item e te dar uma boa sensação. 

Rapport: uma palavra em francês que pode ser traduzida como espelhamento. Ela significa que você se  identificou com outra pessoa a ponto de confiar nela para falar sobre detalhes da sua vida, desde pessoal até  profissional. Às vezes é até mais fácil se abrir com esses “amigos de cinco minutos” do que com familiares e  pessoas mais íntimas a nós. Quantas vezes você já contou algum segredo ou problema para uma pessoa no  ônibus ou ouviu alguém fazendo o mesmo? 


Em 1872, Charles Darwin publicou o texto “A expressão das emoções no homem e nos animais”. Nele, o  famoso cientista argumentava que todos os seres humanos e até outros animais expressam emoções por meio de  comportamentos notavelmente similares. Para Darwin, a emoção tinha uma história evolutiva que poderia ser  rastreada por meio de culturas e espécies. 


Paul Ekman é um dos pioneiros nas pesquisas sobre conduta do ser humano. Um dos principais pontos de seu  trabalho é a catalogação das emoções humanas e expressões faciais. Ele as analisou junto com a reações  humanas em um estudo que começou em 1954 e foi tema de sua tese de mestrado no ano seguinte. Nos últimos  trinta anos, Ekman também trabalhou estudando a mentira, desde compreender o papel social dela até sua  linguagem corporal. São esses estudos que foram usados como base para completar este conteúdo e te passar a  informação de uma forma mais simples e compreensível. 


Microexpressões acontecem frequentemente e duram frações de segundo, por isso devemos treinar nosso olhar  para identificá-las e, principalmente, não as perder. 


O estudo de Paul Ekman relevou que há sete expressões faciais universais como sendo as mais frequentes e  fáceis de interpretar: Nojo Raiva Medo Tristeza Alegria Surpresa Desprezo 


Em seu estudo, Ekman também descobriu que pessoas nascidas cegas são capazes de realizar as mesmas  expressões faciais, ainda que nunca tenham visto o rosto de outra pessoa excluindo, assim, a possibilidade de  acreditarmos que isso acontece porque estamos “imitando” alguém ou aprendemos as expressões no convívio  social. 


Aprender a ler as microexpressões faciais incrivelmente ajuda a compreender melhor quem está a nossa volta.  Algumas vezes, mais importante que conseguir identificar uma emoção que você está vendo em alguém, é  identificar a emoção que você não está vendo na pessoa. 


Tudo isso é um caminho que começa a ser trilhado logo na infância. Lembra quando você dizia que o dever de  casa estava pronto só para poder brincar na rua com os amigos? Ou quando falava para sua mãe que já tinha  terminado o dever, ia assistir televisão e fazia os exercícios no intervalo das aulas, copiando do amigo? Muitas  vezes é dessa época da vida que nós começamos a implantar em nosso cérebro que mentir é bom. Que é até  melhor que contar a verdade, pois esta traz consequências ruins (castigos) enquanto a outra traz algo bom  (conseguir o que quer). Quando crescemos, reparamos que para nos manter bem com os mecanismos  controladores, precisamos mentir. Afinal, queremos manter as consequências positivas daquela relação, certo? 


 Simplificando, a mentira se torna uma defesa para que possamos evitar problemas. 

Outro fator é que a mentira, quando contada por mais pessoas, ganha mais credibilidade.


Nós também mentimos com frequência porque buscamos constantemente formas de aceitação social. Quando  nos perguntam se estamos bem, nós respondemos que sim porque não queremos ser “negadas” por aquela pessoa. 


Não importa o quanto você ensaiou aquele discurso, o quanto se esforça em esconder alguma coisa. O olhar  estará gritando e escancarando a verdade para todos que queiram descobrir. Existem, inclusive, diversos  especialistas no assunto espalhados pelo mundo. Que conhecem as microexpressões e a forma como reagimos a  diferentes estímulos. 


Toda vez que você constrói ou lembra de algo, seu olho se move rapidamente, indicando de que lado seu cérebro  está trabalhando. Quando uma pessoa olha para a esquerda, por exemplo, está buscando memórias e quando olha  para a direita, está construindo-as. 


Olhar para cima à esquerda: Lembrança Visual. Esse é o movimento que você faz toda vez que vai buscar uma  recordação visual no seu cérebro. Se eu perguntar “Que roupa você estava ontem?”, por exemplo, seus olhos  faram esse movimento quando você estiver recordando. Olhar para cima à direita: Constructo Visual. Esse é  completamente oposto. Esse movimento mostra que você está buscando uma imagem no constructo, na área  criativa. 


Nós ainda continuamos cruzando os braços quando não queremos conversar. Nosso olhar continua tenso e  perdido nos momentos de estresse ou preocupação. Nossa boca ainda segue franzida quando estamos com  dúvida. 


Nosso corpo fala toda hora. Ele grita. Demonstra o que sentimos a cada momento. Por mais que tentamos  esconder o que sentimos, ele conta a todos que sabem ler. 


Saber escutar nosso corpo e o corpo dos outros é uma habilidade que poucos têm, mas que faz nossa visão de  mundo ficar completamente diferente. Ler os sinais de quem está a nossa volta ajuda, inclusive, na produção do  dia-a-dia.