Resumo do livro Liturgia do Ordinário de Tish. H. Warren

Lido em junho de 2022

 

Precisamos aprender a viver os nossos dias em um relacionamento real com Deus e a permanecer nele em meio à rotina. Nossos hábitos cotidianos estão imbuídos com a santa possibilidade de nos tornarmos novas pessoas em Cristo.

Se você quer saber como a fé importa em cozinhas bagunçadas, manuscritos inacabados, brigas conjugais e camas por fazer, este livro vai treinar seus olhos para ver a santa beleza de todo lado.

Liturgia do Ordinário resgata a noção de que não há nenhum problema na repetição, mas a necessidade inovista por autenticidade e novidade pode ser fruto de uma cultura superficial e pouco ancorada em uma visão da eternidade.

E de fato, a vida espiritual do cristão precisa ser pautada em disciplinas que são calmas, repetitivas e ordinárias, e não na obsessão pós moderna por estímulos, experiências e autenticidade.

Há a nossa tendencia de falar do templo como se fosse, de alguma forma, mais importante para Deus do que o ambiente de trabalho ou o lar, e aqueles que são especialmente ordenados para trabalhar ali como sendo, de alguma forma, mais próximos de Deus do que os que trabalham na loja de conveniência ou no escritório.

Precisamos procurar por bençãos em lugares improváveis, cotidianos. Kathleen Norris

Capítulo 1 – Acordando

Eu acordo devagar. Eu quero ficar no ventre das minhas cobertas um pouquinho mais. Logo, abotoaremos as nossas identidades: mães, empreendedores, estudantes, amigos, cidadãos. Mas quando saímos acordamos, somos nada mais que humanos, nada impressionantes, vulneráveis, recém nascidos para o dia.

Somos amados por Deus, não pelo nosso esforço próprio, mas pelo que Cristo fez por nós.

Deus está nos formando como novas pessoas. E o lugar dessa formação são os pequenos momentos de hoje. Temos a tendência de querer uma vida cristã sem as partes chatas.

Não há atividade pequena demais ou rotineira demais para refletir a glória e a dignidade de Deus.

Todo dia acordamos e não sabemos o que nos espera.

Prática:

  1. A cada manhã, antes de mais nada, lembre a sua história com Jesus, sua caminhada de fé, seu batismo, e dizendo em voz alta “eu sou amado por Deus” ou outra frase que se identifique. Observe como isso impacta o seu dia.

Capítulo 2 – Arrumando a cama

A minha rotina matinal é pegar o celular logo depois de acordar. Como uma cafeína digital, estimulava o meu cérebro para ficar ativo. A mãe do meu dia era a tecnologia. E como um filhote de puma adotado por humanos, eu achava que tudo de bom viria de telas brilhantes.

Sem perceber construí um hábito: uma resistência firme um medo de tédio. A tecnologia começou a encher cada momento do dia. Logo antes do café da manhã, eu passava rapidamente pelo e-mail, facebook, twitter e um blog.

Eu decidi que trocaria a minha rotina, a primeira coisa seria arrumar a cama, e depois disso, ficar sentada nela, eu bani o celular do quarto. No meu pequeno caos, eu fazia uma pequena ordem. Às vezes eu lia a Bíblia, mas era mais comum orar. Convidava o Senhor para o meu dia.

Eu colocava as minhas ansiedades, esperanças e minhas perguntas diante de Deus, orava pelo meu trabalho, família, decisões e ficava ali sentada, em silêncio.

As formas frequentemente invisíveis e silenciosas com que passamos o nosso tempo são o que nos formam. Eu preciso de rituais que me encorajam a abraçar o que é repetitivo, antigo e quieto. Mas o meu anseio é por novidades e estímulos.

Eu não estou sozinha. Um estudo fascinante, e um pouco perturbador, da Universidade da Virginia mostrou que, se pudessem escolher, muitos preferiam se submeter a choques elétricos a ficarem sozinhos com seus pensamentos.

O que mais me perturbava sobre arrumar a cada, o fato de que isso precisava ser feito de novo e de novo, reflete o próprio ritmo da fé. Os nossos corações e os nossos amores são moldados pelo que fazemos de novo e de novo.

Todos os pedaços do nosso dia são profundamente significativos, porque eles são o lugar da nossa adoração. Arrumar a cama, lavar a louça, orar pelos nossos inimigos, ler a Bíblia, o silencioso, o pequeno, que a transformação de Deus se baseia e cresce.

Prática:

  1. Escreva em um papel uma atividade diária repetitiva na sua vida. Quando você executar essa tarefa, peça a Deus em oração para mostrar como ela te molda.
  2. Observe essa semana como você resiste à tranquilidade e ao tédio. Dê espaço para alguns minutos de silencio diário e convide Deus para esse momento.

 

Capítulo 3 – Escovando os dentes

Boa parte da vida, inevitavelmente, não passa de manutenção. As coisas precisam de cuidado ou elas se quebram. Passamos a maior parte dos nossos dias e da nossa energia simplesmente evitando a inevitável decadência.

Mesmo com cuidado, nossos corpos eventualmente quebram, ficam doentes, e exigem mais cuidado. Ter um corpo dá trabalho.

Aprendemos como os nossos corpos são locais de culto, não como uma ideia abstrata, mas por meio da prática de cultuar com os nossos corpos. Quando o denegrimos, quer por negligencia, quer nos olhando no espelho e contando os nossos defeitos, estamos desprezando um local sagrado, um espaço de culto mais maravilhoso do que a catedral mais gloriosa e antiga.

Embora possamos orar sem nos prostrar, eu penso que a oração como um instituto da igreja não pode ser mantida a não ser por pessoas que tenham aprendido primeiro a se ajoelhar. Se você quer aprender a orar, é melhor que você saiba curvar o seu corpo.

É fácil olhar para o espelho e enumerar tudo que sentimos estar faltando ou estar errado com os nossos corpos. Em vez disso, precisamos aprender o habito de contemplar os nossos corpos com uma dádiva e aprender a se deleitar no corpo que Deus fez para nós, que Deus ama e que Deus um dia irá redimir e restaurar.

Prática:

  1. De que forma o seu corpo te ajuda ou te leva à adoração?
  2. Use o seu corpo na adoração se ajoelhando, cantando ou caminhando.

Capítulo 4 – Perdendo a chave

Pequenas coisas dão errado. Eu me sinto apressada ou sobrecarregada com um peso nas costas de notícias ruins ou de preocupação por um amigo, e como uma enchente cada vez maior, centímetro a centímetro, a tristeza e a frustração coletiva se acumula, e eu quebro.

Tem pessoas que enfrentam uma agonia profunda todos os dias: dor crônica, perdas de partir o coração, desespero. Contudo, em um dia ordinário, na minha raivinha e irritabilidade, é onde o Senhor se digna a me encontrar.

Esses momentos são uma oportunidade de formação, de santificação.

Quando o dia é amável e ensolarado e tudo está acontecendo de acordo com os planos, posso parecer uma pessoa muito boa. Mas pequenas coisas dão errado e interrompem os planos que revelam quem realmente sou, as minhas rachaduras estão à mostra, e eu vejo que preciso profundamente da graça.

Pessoas boazinhas e legais não precisam de Jesus. Ele veio pelos perdidos. Ele veio pelos sem solução. Em seu amor por nós, ele veio para nos tornar achados e solucionados. Nós não vamos para o culto porque somos “pessoas muito boas”.

Somos uma igreja, uma comunidade, uma família. não simplesmente indivíduos com nossos pecados de estimação e problemas pessoais. Somos pessoas que precisam desesperadamente uma das outras se quisermos buscar a Deus e andar em arrependimento.

Prática:

  1. Quando as pequenas coisas dão errado no seu dia, como você responde? O que você faz?
  2. Quando você encontrar pecado no seu dia, confesse-o especificamente a Deus e então faça uma oração.

 

Capítulo 5 – Comendo as sobras de ontem

Se você me perguntar o que eu comi no almoço há semanas, eu não sei dizer. Milhares de refeições esquecidas me trouxeram até o dia de hoje. Elas me sustentaram a minha vida. Elas são o meu povo de cada dia.

O devocional diário de tempo com Deus sustenta a minha vida, mas ele não parece mudar a sua vida, na maioria das vezes. Silenciosamente, até de forma esquecível, ele me alimenta.

A nutrição é sempre bem mais do que algo meramente biológico. Nós somos nutridos pelas nossas comunidades. Somos nutridos pela gratidão. Somos nutridos pela justiça. Somos nutridos quando conhecemos e amamos o nosso próximo.

A busca evangélica por uma certa experiência emocional no culto e a busca capitalista por bens anônimos, baratos e enlatados têm traços comuns. Ambos estão mais preocupadas com o que posso obter para mim mesma como consumidora individual.

A espiritualidade empacotada como um caminho para a autorrealização e felicidade pessoais se encaixa muito bem com o consumismo ocidental. Mas a Bíblia nos reorienta para ser pessoas que se alimentam juntas do pão da vida e são enviadas como mordomos da redenção.

Prática:

  1. Quais são algumas formas que os cristãos podem lidar com as maneiras que nossas compras contribuem para as injustiças sociais e ambientais?
  2. Agradeço a Deus por cada refeição nesta semana.

Capítulo 6 – Brigando com o meu marido

Estamos discutindo sobre os nossos medos, ansiedades, identidades e esperanças. O conflito de hoje não foi uma crise matrimonial, não houve uma traição, mentira ou escândalo profundos. É um conflito mais parecido com uma pedrinha no sapato, causado por um tipo de ressentimento habitual que, se deixarmos, se acumula. Começamos falando sobre algo casual. Então eu reclamo, e ele ignora, porque reclamo tanto que é um padrão, e digo algo sarcástico, e daí cresce, até que um de nós ou ambos gritam e então um de nós ou ambos saem do recinto.

Requer muita coragem abaixar as armas, mais coragem do que qualquer um de nós tem no momento. Então, nos resta um silencio mortal.

Eu posso ficar tão envolvida com as grandes ideias de justiça e verdade e negligenciar as pequenas oportunidades ao meu redor para estender generosidade, perdão e graça.

Mas estou cada vez mais ciente de que não posso buscar a paz de Deus e sua missão no mundo sem começar bem onde eu estou, na minha casa, na minha vizinhança, na minha igreja, com as pessoas reais que estão ao meu redor.

Precisamos aprender a seguir a Jesus neste mundo de segunda a sexta, criar filhos, cuidar dos nossos vizinhos, poupar dinheiro, lavar as roupas e viver os nossos dias responsavelmente com estabilidade, generosidade e fidelidade.

Hoje eu estraguei tudo, perdi a paciência com o meu marido. Fui sarcástica. Honestamente, eu não liguei muito para a paz. Depois de ficarmos emburrados por 20 minutos, cedemos. Eu peço perdão, ele também. Perdoamos um ao outro. Abaixar as armas e ir para o outro cômodo me desculpar foi como morrer. Ardeu.

Prática:

  1. Busque a paz de alguma forma com os que estão mais perto de você hoje.

Capítulo 7 – Conferindo o e-mail

Eu cresci com a impressão de que o ministério era o trabalho mais importante e mais espiritual. Até hoje, frequentemente de forma inconsciente, temos a tendência a considerar alguns empregos mais santos ou espirituais que os outros. Quer coloquemos missionários, ativistas sociais, ricos, poderosos, famosos ou graduados no topo, temos a tendencia de avaliar certos tipos de trabalho como melhores que outros.

O trabalho que fazemos juntos a cada semana no culto congregacional transforma e nos envia para o trabalho que fazemos nos nossos lares e escritórios.

A fé cristã ensina que todo trabalho que não é imortal ou antiético é parte da missão do reino de Deus.

Nossa tarefa não é injetar Deus de alguma forma no nosso trabalho, mas se juntar a Deus no trabalho que Ele está fazendo em e por um meio de nossas vidas vocacionais.

Nossa vida frenética de trabalho está desconectada dos ritmos das estações ou do dia e da noite. Podemos trabalhar constantemente. Eu posso conferir o meu e-mail em qualquer uma das 24 horas do dia, faça chuva, faça sol. Podemos ter a impressão de que sempre estamos trabalhando, já que meu trabalho nos segue onde quer que vamos. Com essas mudanças, vem uma tentação maior para tornar o trabalho e a produtividade um ídolo a que sacrificaremos descanso, saúde e relacionamentos.

Prática:

  1. Tente fazer as tarefas que você não gosta sem reclamar
  2. Se você às vezes trabalha mais do que é saudável, evite responder e-mails ou outras tarefas de trabalho depois do horário comercial nesta semana e gaste esse tempo descansando.

Capítulo 8 – Ficando presa no trânsito

Estamos todos um pouco cansados e rabugentos. Está quente no carro, eu aciono o ar condicionado e ligo o rádio. Todos estamos presos no trânsito.

Vivo com a ilusão de que o tempo é algo que eu controlo.

Na minha vida diária, desenvolvi hábitos de impaciência, de acelerar, de tentar apertar mais no meu dia lotado. Como eu posso viver como alguém que vigia e espera pelo Reino vindouro quando mal posso esperar a água ferver?

Somos pessoas impacientes. Queremos a felicidade agora. Fico irritada no trânsito, porque ele me lembra de que o tempo não se dobra a mim.

O tempo é um presente de Deus, um meio de adoração. Eu preciso que a igreja me lembra da realidade: o tempo não é uma mercadoria que eu controlo, gerencio ou consumo. O tempo gira em torno de Deus: o que ele fez, o que está fazendo e o que ele fará.

Prática:

  1. Quais foram alguns períodos no seu dia ou épocas na sua vida onde você teve de esperar?
  2. Como é esperar para você? O que você sente enquanto espera?

Capítulo 9 – Ligando para uma amiga

Como uma família, mas mais próximas até que uma família, aprendemos a viver juntos, fracos e humanos, na bondade e transformação de Deus.

O corpo de Cristo é composto por todos os tipos de pessoas, algumas que eu considero desagradáveis, arrogantes, hipócritas ou preconceituosas. Somos atraídos por quem achamos amáveis e agradáveis. Contudo, aqueles a aquém Jesus passou seu tempo, eram estranhos, os rejeitados.

Prática:

  1. Como você lida com o pecado e outras fraquezas na igreja?
  2. Como Cristo te encontrou na e por meio da igreja?
  3. Você teve dificuldade para se enturmar na igreja?
  4. Ligue ou visite para um amigo.

Capítulo 10 – Bebendo chá

Na nossa casa, com crianças, são raros os momentos tranquilos. Eu preciso aprender os hábitos de adoração intencionalmente, sair da minha cabeça e para notar nos olhos da minha filha ou o som da chuva na nossa varanda. Parte de mim, pode se sentir culpada pelos momentos em que eu desacelero para usufruir a beleza ao meu redor.

Chá e uma hora vazia podem parecer um desperdício. Eu me sinto culpada por não fazer algo mais importante com o meu tempo, como lavar a roupa, organizar as contas domésticas, encontrar os meus vizinhos, trabalhar, me voluntariar para algo ou servir aos pobres.

O rigor da maternidade, do ministério ou simplesmente ser adulta num mundo caído tinha me drenado. Eu estava crua, irritável, subnutrida e no limite. Dar espaço a uma hora de pura diversão começou a encher o meu vazio com um tipo de alegria mais densa.

Uma das maravilhas mais intensas de cura na minha vida veio como uma surpresa completa depois de eu simplesmente ter dado espaço a aproveitar algo só por aproveitar.

Nós pecamos e envelhecemos. Ficamos calejados para as maravilhas ao nosso redor.

Prática:

  1. Quais são algumas maneiras que você pode experimentar prazer, deleite, beleza e arte?
  2. Separe intencionalmente um tempo nesta semana para fazer algo que você acha amável, prazeroso ou agradável.

Capítulo 11 – Dormindo

Descanso exige treino. Se o descanso se aprende por meio de hábito e repetição, a falta de descanso também. Esses hábitos de descanso ou de privação dele nos formam com o tempo.

Nossos hábitos de sono tanto revelam quanto moldam os nossos amores. Um indicador decente do que amamos é se voluntariamente sacrificamos sono por aquilo.

Eu amo o meu marido e os meus amigos mais íntimos, então fico acordada até mais tarde para manter uma boa conversa por mais tempo. Ou acordo cedo para orar ou levar um amigo para o aeroporto. Meu sono desorganizado revela amores desordenados, ídolos de entretenimento ou de produtividade.

Nossa necessidade de sono revela que temos limites. Somos incapazes de nos dependermos, de nos protegermos, de controlar o mundo ao nosso redor. O sono expõe a realidade, somos frágeis e fracos. Precisamos de um guia e de um guarda.

Nossa poderosa necessidade de sono é um lembrete de que somos finitos. Deus é o único que nunca repousa e não dorme. A maioria de nós gasta tanto tempo e energia tentando evitar a realidade de que nós e aqueles que amamos irão morrer.

O nosso zeloso ativismo se une a uma cultura de cansaço e grandiosidade, o objetivo da nossa vida cristã pode se tornar uma lista de objetivos, iniciativas, reuniões, conferencias e atividades que nos deixam exaustos.

Somos ministros esgotados, pais esgotados, empresários esgotados, crentes esgotados. Isso afeta nosso culto congregacional. Somos inclinados a abraçar uma fé que é cheia de adrenalina, animação e atividade. Mas precisamos aprender juntos a se aproximar de um Salvador que convida os cansados a virem a ele para descansar.

Cerca de 1/3 das nossas vidas é gasto dormindo. Por meio de todos esses anos de descanso, Deus está trabalhando por nós e no mundo, redimindo, curando e dando graça. Abraçar o sono não é só uma confissão dos nossos limites, também é uma alegre confissão do cuidado ilimitado de Deus conosco.

Deus quer nos dar não só vidas de santidade e oração, mas também de descanso suficiente.

Prática:

  1. O que te impede de dormir? O que te deixa acordado a noite?
  2. Como o descanso físico e espiritual se relacionam entre si?
  3. Se você não pratica um dia semanal de descanso, faça isso nesta semana.
sarahjsena

sarahjsena

Pedagoga e mestre em psicopedagogia pela Espanha, tem experiência há 10 anos com atendimentos individualizados com crianças, atuei na Secretaria de Educação há 7 anos com pessoas com deficiência.

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