Autor: Timothy Keller
Este livro mostrará que a oração é tanto conversa quanto encontro com Deus. Os dois conceitos nos oferecem uma definição de oração e um conjunto de ferramentas para aprofundar nossa vida de oração. As formas tradicionais de oração — adoração, confissão, ações de graças e súplica — são práticas concretas bem como experiências profundas.
PRIMEIRA PARTE – DESEJANDO A ORAÇÃO
Capítulo UM: A necessidade da oração
Flannery O’Connor descobriu que a oração não se resume à exploração solitária da própria subjetividade. Você está em companhia de Alguém e ele é único. Deus é a única pessoa de quem você nada pode esconder. Diante dele, inevitavelmente você se enxergará sob uma nova luz sem igual. A oração, portanto, leva a um autoconhecimento impossível de alcançar de outro modo.
Na igreja cristã, tem ocorrido um crescimento semelhante do interesse pela oração. Há um forte movimento em defesa das antigas práticas de meditação e contemplação. Atualmente temos um pequeno império de instituições, organizações, redes e praticantes que ensinam e treinam métodos como a oração de centralização, a oração contemplativa, a oração da “escuta”, a lectio divina e muitas outras das hoje denominadas “disciplinas espirituais”.
Misticismo inteligente significa um encontro com Deus que envolve não só os afetos do coração, mas também as convicções da mente. Não somos chamados a escolher uma vida cristã pautada na verdade e na doutrina ou uma vida cheia de experiências e poder espirituais. As duas coisas andam juntas. Eu não estava sendo chamado a deixar para trás minha teologia e me lançar na procura de “algo mais”, de experiências. Ao contrário, eu devia pedir ao Espírito Santo que me ajudasse a viver experiências com a minha teologia.
A oração nada mais é que a chave para tudo o que necessitamos fazer e ser na vida.
Capítulo DOIS: A grandiosidade da oração
Em todos os escritos de Paulo, suas orações pelos amigos não contenham um pedido para transformar as circunstâncias. É certo que viviam em meio a muitos perigos e dificuldades. Enfrentavam perseguição, morte por enfermidade, opressão por forças poderosas e separação de entes queridos. Sua existência era bem menos segura do que a nossa hoje. No entanto, nessas orações não há pedidos por um imperador melhor, por proteção de bandos de saqueadores, nem mesmo por pão para a próxima refeição. Paulo não ora pelos bens que colocaríamos geralmente perto do topo da nossa lista de pedidos.
Em 1 Timóteo 2, Paulo orienta seus leitores a orarem por paz, por um bom governo e pelas necessidades do mundo.
A principal preocupação de Paulo é com a vida de oração tanto pública quanto privada dos cristãos. O apóstolo acredita que o bem maior é a comunhão com Deus. Uma vida de oração rica, vibrante, consoladora, conquistada a duras penas é o único bem que possibilita receber todos os outros tipos de bens de modo correto e benéfico. O apóstolo não vê a oração como um simples modo de obter coisas de Deus, mas como uma maneira de obter mais do próprio Deus.
A maioria das pessoas hoje baseia sua vida interior nas circunstâncias exteriores. Sua paz interior é baseada na avaliação que outros fazem delas e em sua posição social, prosperidade e desempenho. E os cristãos pensam isso tanto quanto todo o mundo.
Se priorizarmos a vida exterior, nossa vida interior se tornará obscura e assustadora. Não saberemos o que fazer com a solidão. Sentiremos profundo incômodo em examinar a própria consciência e será cada vez menor nossa capacidade de dar atenção a qualquer tipo de reflexão. E o que é ainda mais sério: nossa vida carecerá de integridade. Por fora, precisaremos projetar uma imagem de confiança, saúde e integridade espirituais e emocionais, enquanto por dentro podemos estar repletos de dúvidas a respeito de nós mesmos, ansiedade, autocomiseração e velhos ressentimentos. Contudo, não saberemos penetrar nos recônditos do coração, ver com clareza o que existe ali dentro e lidar com esses problemas. Resumindo, se não priorizarmos a vida interior, nós nos transformaremos em hipócritas.
O teste infalível da integridade espiritual, diz Jesus, é sua vida de oração privada.
Priorizar a vida interior não significa levar uma vida individualista. Conhecer melhor o Deus da Bíblia não é coisa que se consiga sozinho. Envolve a comunhão da igreja, a participação na adoração comunitária, a devoção privada, assim como a instrução na Bíblia e a meditação em silêncio.
Deixar de orar, portanto, não é simplesmente violar uma regra religiosa; é deixar de tratar Deus como Deus.
A oração é tão poderosa que, sempre que lemos a Bíblia, lá está ela. Por quê? Em qualquer lugar que Deus se encontre, lá está a oração. Uma vez que Deus está em toda parte e é infinitamente grande, a oração deve permear toda a nossa vida.
Quando seu coração está sintonizado com Deus, sua alegria provoca efeito naqueles à sua volta. Você não é uma pessoa arrogante, fria, ansiosa ou entediada — mas sim abnegada, calorosa, profundamente em paz e atenciosa. Os outros perceberão. Todos “ouvem e temem”. A oração muda as pessoas à nossa volta.
A oração é uma jornada. A oração nos ajuda a resistir, a suportar. Ela transforma nossa visão das circunstâncias e nossa atitude diante delas. Não existe absolutamente nada tão grande quanto a oração.
SEGUNDA PARTE – COMPREENDENDO A ORAÇÃO
Capítulo TRÊS: O que é oração?
Para 3 grandes religiões monoteístas, o islamismo, o judaísmo e o cristianismo, a oração significa crer. Os mulçumanos são chamamos a orar 5 vezes ao dia, os judeus têm como tradição orar 3 vezes ao dia. E cada ramo da igreja cristã está impregnado de diversas tradições relativas à oração em público, em particular e pastoral.
Existe oração em diversas religiões, mas elas não são iguais.
Oração é uma resposta pessoal e comunicativa ao conhecimento de Deus, orar é se conectar com essa realidade.
Orar é dar continuidade a uma conversa que Deus iniciou por meio de Sua Palavra e graça, e que com o tempo vai se transformando em um encontro com Ele.
Capítulo QUATRO: Conversar com Deus
Compreender as Escrituras não significa apenas adquirir informação sobre Deus. Se a ouvirmos com confiança e fé, a Bíblia é o modo de realmente escutar Deus falar e também de nos encontrarmos com o próprio Deus.
Capítulo CINCO: Encontrar Deus
Em nosso estado natural, oramos a Deus para conseguir algo. Em geral, nossas orações não são variadas – em geral consistem em petições, de vez em quando em alguma confissão. Raramente ou nunca gastamos tempo mais prolongado adorando e louvando a Deus.
TERCEIRA PARTE – APRENDENDO A ORAR
Capítulo SEIS: Cartas sobre a oração
Deveríamos orar pela alteração das circunstâncias ou apenas por força para suportá-las?
Capítulo SETE: Regras para a oração
Até chegarmos ao pleno reconhecimento do caos dentro de nós, que a Bíblia chama de pecado, vivemos o que Calvino chama de “irrealidade”. Terapeutas lhe dirão que os únicos defeitos de caráter capazes de destruí-lo realmente são aqueles que você admitir. Portando, a confissão e o arrependimento são cruciais para a oração verdadeira.
Um dos propósitos da oração é levar nosso coração a confiar na sabedoria de Deus, não na nossa. Significa dizer: Eis que eu preciso – mas o Senhor é quem sabe.
Quando não receber uma resposta ou quando a resposta não for a que você deseja, use a oração para capacitá-lo a descansar na vontade do Senhor.
Orar em nome de Jesus significa comparecer diante de Deus em oração conscientemente confiando em Cristo para nossa salvação e aceitação, e não dependendo de nossa credibilidade ou de nossos feitos.
Capítulo OITO: A oração das orações
Uma criança de 4 anos não é capaz de entender muitas das proibições do pai – mas confia nele. Só se confiarmos em Deus como Pai conseguiremos pedir graça para suporta nossos problemas com paciência e graça.
Calvino diz que orar pedindo que “seja feita a tua vontade” é submeter não só a nossa vontade a Deus, mas até mesmo nossos sentimentos, de modo a não ficarmos desanimados, amargurados nem endurecidos pelas coisas que se abaterem sobre nós.
A oração não é algo estritamente privado. Sempre que possível, devemos orar em companhia de outras pessoas, tanto de maneira formal, na adoração comunitária, quanto informal. Por quê? Se a essência da oração é manter uma conversa com Deus e se seu propósito é conhecê-lo mais a fundo, então a melhor maneira de fazer isso é em comunidade.
Conhecer o Senhor é algo comunitário e cumulativo, por isso devemos orar e louvar juntos. Desse modo “quanto mais compartilhamos do pão celestial entre nós, mais todos teremos.”
Capítulo NOVE: As pedras de toque da oração
Há indicações claras na Bíblia de que devemos nos esforçar para orar da maneira correta. Se as orações não são feitas na dependências de Jesus ou com fé – se forem feitas por motivação egoísta ou se tentarmos orar enquanto desobedecemos voluntariamente a Deus em alguma área da vida – talvez não sejam poderosas e eficazes.
A oração deve ser praticada com regularidade, perseverança, determinação e tenacidade ao menos uma vez ao dia, sintamos vontade ou não.
A oração é sempre um trabalho árduo e muitas vezes um agonia. Ocasionalmente temos até mesmo de travar uma batalha para orar. É comum travarmos uma batalha em oração só para nos concentrarmos.
Orar em nome de Jesus e no poder do Espírito é a restauração da coisa mais preciosa que tivemos com Deus no início – a livre comunicação com ele. Deus fala principalmente através das Escrituras.
A oração deve acontecer em plena e grata consciência de que nosso acesso a Deus como Pai é um dom gratuito conquistado pelo sacrifício custoso de Jesus, o Filho verdadeiro, e então ratificado em nós pelo Espírito Santo, que nos ajuda a saber interiormente que somos seus filhos.
Orar nada mais é do que se conectar Jesus à nossa impotência absoluta, nosso senso de fragilidade e dependência.
Orar é aceitar que somos, e sempre seremos, totalmente dependentes de Deus para tudo.
QUARTA PARTE – APROFUNDANDO A ORAÇÃO
Capítulo DEZ: A oração como conversa: meditando em sua Palavra
A meditação promete ao menos 3 coisas: estabilidade, promessa de solidez / caráter e bem-aventurança.
Precisamos ter raízes do coração e da alma em Deus nesses momentos, e a meditação é o caminho para conseguirmos isso.
A meditação nos traz estabilidade, paz e coragem em tempos de grande dificuldade, adversidade e turbulência.
A meditação dá frutos, o que biblicamente significa traços de caráter como amor, alegria, paz, paciência, humildade, domínio próprio. A verdadeira meditação, portanto, não apenas faz com que nos sintamos “perto de Deus”, mas transforma nossa vida.
Uma forma de meditar em um texto bíblico é memorizá-lo.
Aquele que medita é como uma árvore. Árvores são crescem do dia para a noite. A meditação é um processo prolongado como o da raiz de uma árvore que cresce em direção à fonte de água. Os efeitos são cumulativos. Você precisa se manter firme. Devemos meditar “dia e noite” – com regularidade e constância.
Meditar significa analisar a verdade com a mente, levá-la para dentro dos sentimentos, atitudes e compromissos do coração. Poderíamos dizer que a meditação antes da oração insiste em pensar, depois inclinar e, por fim, desfrutar da presenta ou reconhecer a ausência de Deus e pedir por misericórdia e auxílio.
Capítulo ONZE: A oração como encontro: buscando sua face
Para entender de verdade a profundidade do amor de Deus devemos conhecer a profundidade que Jesus Cristo se submeteu a fim de nos amar. Ele foi lançado dentro do poço mais profundo a alguém que jamais desceu, e fez isso por vontade própria.
Se cremos que o grande Deus do universo nos ama de verdade, isso deveria nos tornar inabaláveis emocionalmente diante da crítica, do sofrimento e da morte.
QUINTA PARTE – COLOCANDO A ORAÇÃO EM PRÁTICA
Capítulo DOZE: Veneração: louvando sua glória
Existem 3 tipos básicos de oração a Deus. Há a oração voltada para cima – louvor e ações de graças dirigidos ao próprio Deus, como de reverência. Há também oração voltada para dentro – o autoexame e a confissão trazem um senso mais profundo de pecado. Há a oração para fora – a súplica e a intercessão que se concentram em nossas necessidades e das pessoas no mundo.
C. S. Lewis: as mentes mais humildes, e ao mesmo tempo, mais equilibradas e generosas, louvam mais, ao passo de que as mais mal-humoradas, desajustadas e insatisfeitas louvam menos.
Plagiar não é reconhecer uma dependência, não reconhecer que se apossou da ideia de outra pessoa. O plágio é a recusa em dar graças e crédito, e portanto, é uma forma de roubo. Não é apenas injusto para com o autor da ideia – também coloca o plagiador em posição vulnerável, já que não será capaz de ter tais ideias como aquela no futuro.
A ingratidão é viver na ilusão de que você é autossuficiente espiritualmente.
Capítulo TREZE: Intimidade, encontrando sua graça
A infidelidade do povo deveria desqualificá-lo para receber a benção de Deus. Mas existem inúmeros declarações por todo o Antigo Testamento de como Deus permaneceu fiel, perdoa e ainda restaura.
Perder de vista o preço do perdão resulta em uma confissão superficial, passageira, que não leva a uma transformação real do coração.
O arrependimento é a maneira pela qual fazemos progresso na vida cristã.
Existe um tipo de arrependimento falso que na verdade não passa de autocomiseração. Você pode admitir seu peado, mas não se entristece pelo fato pelo pecado em si. Fica triste apenas pelas consequências dolorosas da sua vida.
Capítulo CATORZE: Luta, pedindo sua ajuda
Pedir a Deus as coisas para si mesmo, para os outros e para o mundo.
Um dos propósitos da oração de petição é externo. Por intermédio das nossas súplicas, Deus produz as circunstâncias da história. Ele opera justiça no mundo. E o objetivo interno é quando recebemos a paz e descanso. Assim como dormir é “abrir mão do controle”, a súplica também significa descansar e confiar que Deus cuidará de nossas necessidades.
A oração em favor de outras pessoas e do mundo tem sido chamada de intercessão.
Nas sociedades ocidentais atuais, a maioria das pessoas que acredita em Deus o vê como alguém obrigado a providenciar as coisas em benefício delas, desde que levem uma vida boa o suficiente segundo padrões que elas mesmas escolheram.
Constatamos que precisamos mudar antes de sermos capazes de receber o que pedimos de forma correta ou que não nos cause danos. Fica claro que a espera nos trouxe o que queríamos e também desenvolveu em nós um temperamento muito mais paciente, sereno e forte.
Pecadores merecem ficar com as orações sem respostas. Jesus foi o único ser humano na história que mereceu que todas as suas orações fossem respondidas em razão de sua vida perfeita. Mas ele recebeu a rejeição que nós pecadores recebemos, de modo que as nossas pudessem ter a recepção que ele merece.
Devemos faze pedidos a Deus com ousadia e de forma bem específica, com ardor, sinceridade e diligência, mas com paciente submissão à vontade e ao amor sábio dele. Tudo por causa de Jesus, e tudo no nome dele.
Capítulo QUINZE: Prática, a oração diária
Quiet time dedica boa parte de suas poucas páginas a insistir em que a devoção diária é uma disciplina que requer um ato de vontade bastante deliberado. Aconselha encontrarmos um lugar tranquilo e acalmarmos nosso espírito com pensamento em Deus.
A oração diária deve incluir a meditação, não só o estudo da Bíblia, e devemos nutrir muito mais expectativas de experiências em sentido amplo.
Quanto mais você tiver lido e entendido a Bíblia no decorrer dos anos, muito mais fácil se tornará meditar após a leitura bíblica.
Para quem está iniciando a vida cristã, seria melhor reservar um período regular, além da oração diária, para o estudo sério da Bíblia. Uma forma de fazer isso é lendo 1 capítulo por dia com uma bíblia de comentário.
Os salmos também têm uma forma tal que lhes permite serem convertidos com relativa facilidade em orações, e de retornarem para Deus na forma de oração. Orar os salmos é um modo importante e tradicional de orar a Palavra.
A oração se desenvolverá e o envolverá.