Resumo do livro  “Ponha ordem no seu mundo interior” De Gordon Macdonald
Lido em dezembro de 2014

Colocar em ordem nossa vida pessoal nada mais é que convidar a Cristo para controlar todos os aspectos de nosso ser.

O NOSSO MUNDO INTERIOR PODE SER DIVIDIDO EM CINCO PARTES

A primeira diz  respeito  às  nossas  MOTIVAÇÕES  DE  VIDA,  à  força  que  nos  leva  a agir  da maneira  como  agimos. 

Jesus  Cristo  não  pode  realizar  uma  obra  eficaz  no mundo interior de pessoas que se regem por seus impulsos, ou seja, os impelidos (tanto para o bem quanto para o mal).

Existem muitos indícios  que  mostram  que  uma  pessoa  é  do  tipo  impelida: Só se satisfazem ao ver  o  trabalho  realizado (costuma não valorizar o processo), está  sempre  preocupada  com  os  símbolos associados à ideia de realização (títulos e privilégios), se  acha  dominada  por  uma descontrolada  busca  da  superação, possuem  pouca  ou  nenhuma habilidade  no  trato  com  outros (consegue  que  o serviço seja feito, mas, no processo, destrói pessoas), se  irritam  com  enorme  facilidade e geralmente são  indivíduos que estão sempre muito  atarefados.

Dentre as pessoas da Bíblia, a que melhor tipifica o homem “impelido” é Saul, o primeiro rei de Israel. Diferentemente da história que acabamos de narrar, que teve uma conclusão favorável, este rei teve um fim horrível, pois nunca  saiu  de  sua  gaiola  dourada.  Continuou  a  acumular  mais  e  mais tensões sobre si mesmo. E isso o destruiu.

Dá  para  notar  que  nestes  últimos  dez  anos  os  indivíduos  de  nossa sociedade se  acham sob um constante e destrutivo estado de  stress, já que seu ritmo de vida é tão agitado que não lhes permite muito tempo para um repouso  ou  um  descanso  reparador.

Todos  nós  estamos  cientes  de  que  existe  um  tipo  de  stress  que  é benéfico,  porque  resulta  em  melhor  desempenho  por  parte  de  atletas, artistas  ou  executivos.  Mas  grande  parte  do  interesse  dos  estudiosos  do assunto  está  voltada  para  os  tipos  de  stress  que  reduzem  a  capacidade humana, e não dos que a melhoram.

Mas as pessoas que não agem por impulsos (impelidas), nós chamamos de chamadas, aqueles que possuem uma força que vem de dentro, possuem uma perseverança e poder, que oferecem resistência aos golpes externos. Elas sabem quem são (sua identidade) e o que é um compromisso firme.

Lembremos  novamente os homens que Cristo escolheu; poucos deles poderiam candidatar-se a um alto cargo de uma organização religiosa ou de uma empresa. Não que fossem extremamente incapacitados; não. É que eram pessoas comuns. Mas Cristo os chamou; e isso muda tudo.

As  pessoas  “impelidas”  consideram  as coisas como sua propriedade;  as “chamadas”, não. E quando um “impelido” perde alguma coisa isso gera uma grave crise. Mas quando é um “chamado” que  perde,  nada  muda.  Seu  mundo  interior  continua  o  mesmo;  talvez melhor.

João Batista é  o  protótipo  da  personalidade  que  estamos procurando,  pois  se  conduz  com  muita segurança  e  firmeza  em  um  mundo onde tudo parece caótico e em desordem.

O que motiva seus atos? Que razões o levam a agir como age? O que espera obter com seus atos? Qual seria sua reação se tudo lhe fosse tirado?

A  segunda  divisão  de  nosso  mundo  interior  é  a  relacionada  com  o  modo  como  gerimos  O  LIMITADO  TEMPO  de  que  dispomos. Pg 50

O mundo está cheio de pessoas desorganizadas, que perderam totalmente o controle do tempo.

Tenho certeza de que ninguém quer chegar ao fim da vida e, ao olhar para trás, sentir um profundo pesar por ter deixado de realizar coisas que poderia ter realizado.  E para evitar que isso aconteça, precisamos aprender a manejar o tempo que Deus coloca em nossas mãos.

Uma das evidências de que estamos caminhando para a desorganização é o fato de nossa escrivaninha ficar com aparência de estar entulhada. Podemos dizer o mesmo com relação à cômoda. Aliás quase todas as superfícies horizontais que se acham ao nosso alcance ficam cheias de papéis, recados não atendidos, e serviços por terminar.

As pessoas desorganizadas raramente mantêm bom nível de comunhão com Deus. É verdade que elas têm intenção de buscar uma melhor comunhão, mas nunca conseguem estabelecer uma comunhão firme. E não é preciso que se lhes diga que têm de separar um momento para estudar e meditar na Bíblia, para interceder, e para louvar a Deus; já sabem disso muito bem. Simplesmente não o estão praticando. Desculpam-se dizendo que não têm tempo, mas bem lá no fundo sabem que o problema é mais uma questão de desorganização e falta de força de vontade, do que qualquer outra coisa.

Quando estamos levando uma vida desorganizada, nosso relacionamento com os familiares logo o revela. Passamos vários dias sem ter uma conversa séria ou mais profunda com os filhos. Temos contato com a esposa, mas nossa conversa é muito superficial, sem abrir o coração, sem palavras de conforto e aprovação. Às vezes tornamo-nos irritadiços, reagindo negativamente às tentativas dela de chamar nossa atenção para tarefas que não realizamos ou para as falhas que cometemos em relação a compromissos com outros.

Precisamos dar um jeito de eliminar esse horrível hábito da desorganização, senão nosso mundo interior logo entra numa desordem total. Temos que tomar a deliberação de assumir o controle de nosso tempo.

Quando o dinheiro é limitado, somos obrigados a planejar. E quando o tempo é limitado, o mesmo princípio deve ser aplicado. A pessoa desorganizada deve procurar ver as coisas pela perspectiva do planejamento. E isso significa fazer a distinção entre o que é obrigatório e o que é do gosto pessoal — entre o que se deve fazer, e o que se gosta de fazer.

Quando não controlo o tempo, posso deixar que as pessoas mais dominadoras do meu círculo de amizades assumam o controle dele. Quando eu era jovem, e iniciava meu  ministério,  percebi  que,  como  não  tinha  um  planejamento  bem organizado,  achava-me  à  mercê  de  qualquer  pessoa  que  tivesse  a  ideia  de fazer uma visita, ou me levar para tomar um cafezinho, ou que quisesse que eu  fosse  a  uma  reunião  de  comissão.  E  como  eu  poderia  recusar  se  minha programação  era  toda  desorganizada?  Além  disso,  sendo  jovem,  queria agradar a todo mundo. Nem tudo que “grita mais alto” na verdade é a coisa mais importante.

Preciso aprender a identificar meu ritmo de eficiência, ou seja, o melhor dia ou momento para realizar tais atividades, como estudar, ler, fazer exercícios, sair com amigos…

Há  momentos  em  que  essa  decisão  é  bastante  difícil,  simplesmente porque  desejo  a  aprovação  dos  outros.  Quando  aprendemos  a  dizer  “não”  a coisas  válidas,  corremos  o  risco  de  fazer  inimizades  e  atrair  a  crítica  dos outros. E ninguém gosta disso. Então me é muito penoso dizer “não”. Já  percebi  que  muitas  das  pessoas  que  exercem  cargos  de  liderança lutam com esse mesmo problema. Mas se quisermos realmente ser donos de nosso  tempo  teremos  que  ser  fortes  e  apresentar  uma  negativa  firme,  mas cortês, a atividades que talvez sejam boas, mas não a melhor.

Quais  são  as  atividades  de  que  você  não  pode  abrir  mão?  Tenho percebido  que  muitas  das  pessoas  que  são  desorganizadas  nem  sabem responder  a  essa  pergunta.

Ter compromisso  com  Deus é  um  tipo  de  compromisso  a  que  se  possa  faltar,  quando  se  quer controlar o tempo, e mantê-lo sob controle. É o passo inicial de um dia bem organizado, de uma vida bem organizada, de um mundo interior em ordem.

A terceira  parte  é  nossa  MENTE (sabedoria e conhecimento),  essa  notável  faceta  de  nosso  ser, que pode  receber  e  trabalhar  as  verdades  sobre  o  universo. Pg 70

Tornar-se um pensador, utilizando o que sei para servir os outros.

Quando  uma  pessoa  toma  a  firme  deliberação  de  utilizar  sua  mente com o propósito de crescer e se desenvolver, seu mundo interior ganha uma nova  ordem.

Nessa  sociedade  pressurizada  em  que  vivemos,  aqueles  que  não tiverem uma boa resistência mental geralmente serão vitimados por ideias e  sistemas  que  são  destrutivos  para  o  espírito  e  para  as  relações  humanas. Essas pessoas ficam prejudicadas porque não aprenderam a pensar, nem se  empenharam  no  desenvolvimento  de  sua  mente,  que  é  uma  tarefa  para  a  vida  toda.  Sem  as  vantagens  de  uma  mente  forte,  vão  se  tornando  dependentes  das  ideias  e  opiniões  de  outros.

O  suicídio  em  massa  dos  membros  da  Igreja  do  Povo,  ocorrido  na  Guiana  em  1978,  é  um  triste  exemplo  de  onde  as  pessoas  podem  chegar  quando sua mente não tem resistência. Quando os membros daquele grupo começaram  a  deixar  que  Jim  Jones  pensasse  por  eles  começaram  a  correr perigo.

É  muito  fácil  deixar  nossa  mente  se  tornar  apática,  principalmente  quando  estamos  cercados  de  pessoas  de  temperamento dominante, que querem pensar por nós.

Precisamos  treinar  nossa  mente  para  pensar,  analisar,  criar.  Quem possui  um  mundo  interior  bem  ordenado,  é  porque  se  esforça  para  ser  um pensador. Esse tem uma mente alerta, viva, e está sempre recebendo novos conhecimentos a cada dia, e regularmente faz novas descobertas, raciocina e chega a conclusões; são pessoas que exercitam a mente todos os dias.

Tenho  visto  muitas  pessoas  que  parecem  possuir  um  imenso  volume de informações sobre a Bíblia comprimido na mente. Desenvolveram um rico vocabulário  de  perfeitos  chavões  evangélicos.  As  orações  delas  são  tão fluentes que todos os que estão ao seu lado ficam estáticos. E pensamos que esses  indivíduos  são  muito  espirituais.  Mas  depois  começamos  a  perceber que  são  rígidos  e  inflexíveis,  totalmente  fechados  a  mudanças  e  inovações. Se  alguém  levanta  uma  dúvida  séria  com  relação  ao  seu  modo  de  pensar, reagem com um acesso de cólera e acusações.

Inicialmente,  a  tarefa  do  primeiro  homem  e  da  primeira  mulher  era descobrir  as  coisas  que  Deus  criara,  e  identificá-las.  Mas  como desobedeceram  as  leis  de  Deus,  uma  parte  desse  maravilhoso  privilégio  foi removida  deles.  Agora  tinham  que  se  preocupar  mais  com  a  sobrevivência em  um  mundo  adverso,  em  vez  de  continuar  a  descobrir  o  que  havia  nele. Então,  a  natureza  de  seu  trabalho mudou  radicalmente.  E  estou  certo  de que  nossa  vida  no  céu  deverá  ser,  de  certo  modo,  uma  recuperação  dessa forma original do trabalho.

Pensar é um ótimo trabalho. Para realizá-lo bem temos que estar com a  mente  treinada  e  em  forma,  assim  como  um  atleta  só  compete  bem quando  está  bem  treinado  e  com  o  corpo  em  forma.  A  melhor  forma  de pensamento é a que se desenvolve no contexto do respeito pelo reino e pela criação  de  Deus.  É  muito  triste  ver  filósofos  e  artistas  realizando  grandes obras  artísticas  e  intelectuais,  mas  sem  o  menor  interesse  em  descobrir realidades  acerca  do  Criador.  O  objetivo  deles  ao  criar  ou  pensar  é  apenas seu  engrandecimento  próprio  ou  então  o  desenvolvimento  de  um  sistema humano adotado por gente que acredita que pode viver bem sem Deus.

Primeiro objetivo: dirigir a mente para que passe a raciocinar dentro das linhas do pensamento cristão.O pensamento cristão encara todas as questões e ideias pelo ponto de vista da vontade de Deus e da glorificação do seu nome.

Segundo objetivo: treinar a mente para observar e apreciar as mensagens que Deus registrou na criação.O  carpinteiro  trabalha com  a  madeira;  os  médicos  auscultam  o  corpo  humano;  os  músicos  fazem arranjos com os sons; os executivos dirigem o trabalho de diversas pessoas; o  educador  prepara  os  jovens;  o  pesquisador  faz  análises  dos  elementos  do universo, inova-os e implementa-os.É  para  realizar  essas  tarefas  que  desenvolvemos  nossa  mente;  e, enquanto as realizamos, alegramo-nos por tudo que Deus, em seu amor, vai nos revelando.

Terceiro objetivo: preparar a mente para estudar informações, ideias e verdades, com o objetivo de servir às pessoas que fazem parte do nosso mundo exterior.

Todos  podem empregar a mente e o talento para auxiliar a outros.

Aprender  a  ouvir  pode  ser  uma  tarefa  muito  difícil  para  uma pessoa como eu, que gosta muito de falar. Mas quem não aprender a ouvir, estará cerrando sua mente para uma importante fonte de informações, pelas quais ela pode se desenvolver.

Talvez o primeiro passo para se aprender a ouvir seja aprender a fazer perguntas.  Raramente  encontramos  pessoas  com  as  quais  não  possamos aprender  alguma  coisa  de  valor;  o  mesmo  se  pode  dizer  das  situações  da vida.  Em  muitos  casos,  para  chegar  a  ouvir,  primeiro  tenho  que  fazer perguntas. Para isso tive que aprender também a fazer perguntas. Sabendo perguntar,  obtemos  valiosas  informações,  que  contribuem  para  o crescimento.  Gosto  de  fazer  perguntas  sobre  o  trabalho  que  as  pessoas realizam,  onde  conheceram  o  cônjuge,  os  livros  que  elas  têm  lido,  o  que consideram os maiores desafios da atualidade, em que situações Deus mais opera em suas vidas. Geralmente, as respostas que recebo são muito úteis.

Então é muito fácil fugir das atividades de rotina, dos serviços mais “sem graça”, para me dedicar apenas aos mais empolgantes que aparecerem. Mas o fato é que a maior parte de nossa vida é constituída de rotina.

Estudar  é  uma  tarefa  árdua,  e  que  as interrupções,  muitas  vezes,  perturbam  a  fluência  do  ritmo  mental.

Aquele que deseja crescer tem que estar sempre fazendo anotações, ou durante os sermões, ou nas classes de estudo bíblico. É uma forma prática de  o  crente  mostrar  que  crê  que  Deus  lhe  dará  algum  ensinamento  que poderá  ser  útil  para  outros  no  futuro.  Tomar  nota  é  um  bom  modo  de guardarmos  as  informações  e  revelações  que  estamos  constantemente recebendo, e, assim fazendo, aproveitamos bem tudo de útil que nos aparece e pode contribuir para o nosso desenvolvimento intelectual.

O quarto setor de nossa VIDA INTERIOR (força espiritual), diria eu, é o espírito. Pg 91

Foi preciso ficar numa prisão, para descobrir como é vazia uma vida sem Deus. 

Foi  necessário  que  Rutledge  sofresse  as  pressões  de  um  campo  de prisioneiros de guerra para que reconhecesse que havia em seu interior um setor  central  que  ele  negligenciara  praticamente  durante  toda  a  vida.  Eu chamo a esse setor de espírito; outros o chamam de alma.

Não  é  preciso  estar  sempre  na  igreja  para  se  estar  em  comunhão com Deus. Podemos transformar nosso coração num pequeno templo, ao  qual  vamos  nos  recolher  para  ter  uma  suave,  humilde  e  terna comunhão  com  ele.  Todos  podem  ter  essas  conversas  particulares com  Deus.  Alguns  mais,  outros  menos  —  ele  conhece  nossa capacidade.  Comecemos  logo!  Talvez  ele  só  esteja  esperando  que tomemos essa decisão,  de  todo o nosso  coração.  Animo!  Nosso  tempo de vida é muito curto. 

Regularmente precisamos afastar-nos  um  pouco  da  rotina  da  vida,  para  buscar  a  Deus  em  seu  jardim interior.  E  eles  nos  revelaram  que  os  cultos  e  as  cerimônias  religiosas  não eram o lugar mais apropriado para isso. Cada crente teria que encontrar seu próprio  santuário,  suas  águas  tranquilas,  seu  jardim  interior,  diziam  eles. Não havia outra alternativa.

O que será preciso para que comecemos a cultivar o jardim interior de nosso  mundo  particular?  Será  que  precisaremos  passar  por  grandes sofrimentos?  Parece  que  é  isso  que  a  história  está  sempre  revelando:  as pessoas  só  buscam  a  Deus  quando  se  acham  sob  grandes  tensões,  e  não têm mais ninguém a quem recorrer. Os que se acham cercados de “bênçãos” tendem a se deixar levar pelas correntezas da vida. E é por isso que às vezes questiono a aplicação da palavra bênção a certas situações. É claro que algo que faz com que negligenciemos o cultivo de nosso jardim interior não pode ser de fato uma bênção.

Se meu mundo interior estiver em ordem será porque não tenho receio de ficar na presença de Cristo, sozinho, em silêncio.

Mantenha sua vida em ordem não apenas na dimensão pública; mas organizada também interiormente.

Para fortalecer o espírito: Mas  selecionei  quatro  atos  devocionais  de importância  fundamental  que,  pelo  que  tenho  observado,  muitos  crentes estão  negligenciando.  São  os  seguintes:  a  busca  do  isolamento  e  silêncio(Nós também precisamos aprender a tornar nosso coração à prova de ruídos, para  que  os  barulhos  do  mundo  exterior  não  impeçam  que  ouçamos  aquilo que  Deus  tem  a  nos  dizer.); ouvir a voz de Deus  regularmente (Não  conheço  muitas  pessoas que  sabem  ouvir  a  Deus.  E  as  mais  ocupadas  têm  grande  dificuldade  em aprender essa arte. Embora a maioria dos crentes logo aprenda a conversar com Deus, o fato é que não aprende a ouvi-lo.); a experiência da  reflexão e meditação (diário, internalizando o que foi aprendido);  e  a prática da oração, em louvor e intercessão.

Não foi fácil para mim conseguir silêncio e isolamento. Antigamente eu associava  essas  coisas  a  ociosidade,  inatividade,  e  improdutividade.  Assim que me encontrava a sós, minha mente era logo invadida por uma dezena de coisas  que  deveria  fazer:  telefonemas  que  precisava  dar,  documentos  para arquivar,  livros  que  planejava  ler,  sermões  a  serem  preparados  e  pessoas que precisava visitar.

Aquele que quiser ter disciplina espiritual — que eu chamo de cultivar o  jardim  interior  —  terá  que  estar  disposto  a  buscar  o  silêncio  e  o isolamento, e a procurar ouvir a voz de Deus.

A  oração  interior  deve  ser  o  último  ato  que  praticamos  antes  de dormir, e o primeiro que fazemos ao despertar. Thomas Kelly

A adoração e a intercessão são praticamente uma confissão de fraqueza.

Uma outra razão pela qual as pessoas têm dificuldade em se dedicar à adoração  e  intercessão  é  que  essas  práticas,  pela  sua  natureza,  são confissões  de  fraqueza  pessoal.  Quando  oramos,  bem  no  fundo  de  nosso jardim  interior  estamos  reconhecendo  que  somos  totalmente  dependentes daquele a quem dirigimos a petição.

Não  é  muito  difícil  dizer  que  somos  fracos;  e  podemos  até  dizer  que dependemos  de  Deus  para  o  nosso  sustento.  Mas  a  verdade  é  que  há  algo bem lá no fundo de nosso ser que não deseja reconhecer isso. Existe algo em nosso coração que nega  veementemente  que sejamos dependentes de quem quer que seja.

O seu mundo interior só estará em ordem quando você estiver firmemente convencido de que o mundo interior, espiritual, deve reger o exterior, o da atividade.

Precisamos  aprender  a  ver  nossa  existência  em  dois  planos  diversos.

O  plano  externo,  ou  público,  é  de  controle  mais  fácil.  É  mais  facilmente analisado,  é  visível,  é  ampliável.  Esse  mundo  é  constituído  por  nosso trabalho,  posses,  divertimentos  e  pelo  grande  número  de  conhecidos  que  compõem nossa rede social.

Mas nosso mundo interior é de natureza espiritual. É o centro onde se determinam  as  decisões  e  nosso  sistema  de  valores;  onde  se  pode  buscar  a reflexão  e  o  isolamento.  É  o  lugar  onde  adoramos  a  Deus  e  fazemos confissões;  é  um  recanto  tranquilo,  onde  não  precisa  penetrar  a  poluição moral e espiritual dos tempos.

Somos ingenuamente levados a crer que, quanto  mais  ativo  o  indivíduo  é  em  sua  vida  pública,  mais  espiritual também.  Achamos  que  quanto  maior  for  uma  igreja,  maiores  serão  suas bênçãos  celestiais  também.  Quanto  maior  for  o  volume  de  informações  que um crente tiver sobre a Bíblia, pensamos, mais perto deve estar de Deus.

E como pensamos dessa maneira, somos tentados a dar uma atenção excessiva  a  nossa  vida  exterior,  às  custas  da  interior.  E  é  mais programações,  mais  reuniões,  mais  experiências  de  aprendizado,  mais pessoas  com  as  quais  queremos  nos  relacionar,  mais  atividades,  até  que  o peso  vai-se  tornando  tão  grande  que  a  estrutura  toda  começa  a  oscilar,  e ameaça  desmoronar.  E  é  assim  que  começa  a  pairar  sobre  o  indivíduo  a sombra da fadiga, das frustrações, fracasso, derrota. O mundo interior, que foi negligenciado, não está mais suportando todo aquele peso.

Por último, existe em nosso interior uma parte que nos leva a buscar o DESCANSO,  a  paz  do  sabá*.  Essa  paz  é  bastante  distinta  da  que  se  vê  nos divertimentos do mundo que nos cerca.

Aquele que separa um dia para descansar, e o faz com regularidade, tem mais probabilidade de manter a perspectiva correta da vida, e poupar-se de sérios danos como o de “queimar-se” ou sofrer um esgotamento.

Tenho a impressão de que somos uma geração cansada. A prova de que existe uma fadiga geral é o grande número de artigos acerca de problemas de saúde relacionados ao excesso de trabalho e exaustão. O vício do trabalho é uma expressão atual. Parece que, por mais que nos esforcemos para trabalhar, nesse nosso mundo tão competitivo, sempre há alguém disposto a dar algumas horas a mais de serviço.

Existe uma definição de descanso que precisamos descobrir e estudar — o sentido bíblico de descanso. Aliás, a Bíblia revela que Deus foi o primeiro que descansou. “E havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou…” E no livro de Êxodo, Moisés faz um comentário ainda mais claro a esse respeito. Diz ele: “… porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou e tomou alento.” A tradução literal dessa última expressão seria: “E se alentou.”

Será que Deus realmente precisa descansar? Claro que não! Mas ele tomou a decisão de descansar? Tomou. Por quê? Porque ele estabeleceu um ritmo para a criação que consistia de descanso e trabalho, e revelou isso quando ele próprio observou o princípio, dando assim um exemplo para todos. Desse modo ele revelou-nos um dos segredos básicos para termos ordem em nosso mundo interior.

Esse descanso não deveria ser considerado um luxo, mas, sim, uma necessidade para todos que desejam se desenvolver e alcançar maturidade. Como não compreendemos que isso é uma necessidade, acabamos pervertendo seu significado original e colocando no lugar desse descanso — do qual Deus deu o primeiro exemplo — coisas tais como lazer e divertimentos. Mas elas não servem para pôr em ordem o nosso mundo interior. Podem até serem práticas agradáveis, mas, na verdade, são para o mundo interior de uma pessoa o mesmo que algodão doce é para o seu estômago. Elas nos proporcionam um momentâneo soerguimento emocional, mas não duram.

Não quero dizer com isso que não goste da ideia de se buscar momentos de diversão, alegria, recreação. O que estou dizendo é que essas coisas, por si só, não oferecem à alma o refrigério de que ela necessita. Embora proporcionem um momentâneo descanso ao corpo, não satisfazem a profunda necessidade de descanso que há em nosso mundo interior.

O descanso que Deus instituiu tinha por objetivo, em primeiro lugar, levar-nos a uma avaliação de nosso trabalho, para buscar um sentido para ele, para sabermos a quem ele realmente é dedicado.

O hábito de trabalhar sem descanso produz uma personalidade desinquieta. Quem trabalha incessantemente, sem fazer uma parada verdadeira para buscar o sentido e o propósito daquilo que faz, pode aumentar bem sua conta bancária e melhorar sua reputação profissional. Mas seu mundo interior perde toda a vitalidade e alegria. Como é importante dar uma parada regularmente.

Descansamos de verdade quando fazemos uma pausa em nossas tarefas rotineiras para fazer um levantamento das verdades e propósitos pelos quais estamos vivendo.

Acredito que o descanso sabático consiste nessa parada de um dia na semana. Mas na verdade ele pode ocorrer a qualquer momento, em pequena ou larga escala, se decidirmos separar uma hora ou mais para buscarmos uma comunhão íntima com Deus.

A maioria das pessoas vê o descanso como algo que vem depois do trabalho encerrado. Mas o sabá não é necessariamente algo que vem depois; aliás, pode ocorrer antes. Se pensarmos que o descanso só pode ocorrer depois que o trabalho é encerrado, então algumas pessoas vão encontrar dificuldades aí, pois seu trabalho nunca acaba. E em parte essa é a razão por que alguns indivíduos nunca descansam. É que seu trabalho nunca termina, e assim não pensam em separar um período de tempo para buscar a paz e o revigoramento sabático.
Eu tive que me esforçar para não ter sentimento de culpa ao parar tudo para descansar. Tive que entender que não era errado pôr o trabalho de lado, com o objetivo de desfrutar daquele período de repouso, que é uma dádiva de Deus para nós.

Em suma, queremos colocar nosso mundo interior em ordem tornando-nos mais ativos exteriormente. Mas isso é exatamente o contrário do que a Bíblia ensina, do que os grandes homens de Deus nos têm mostrado, e do que nós mesmos reconhecemos, ao ver o fracasso de nossa experiência espiritual.

O nosso trabalho também será influenciado por nossa permanência nesse lugar. Ali ele ganhará novo sentido e melhor nível de qualidade. Integridade e honestidade serão nosso alvo. Perderemos o temor e ganharemos um espírito mais compassivo.

Outros pontos importantes:

Se meu mundo interior estiver em ordem, será porque tomo diariamente a decisão de estar atento a isso.

Todos  nós  já  passamos  por  experiências ruins, sofrendo pressões do mundo exterior, afligindo-nos a tal ponto que achávamos que estávamos prestes a morrer. Nessas horas, começamos a  nos  indagar  sobre  nossas  reservas  de  energia  —  se  temos  condições  ou não  de  continuar  resistindo,  se  vale  a  pena  continuar  em  frente,  se  já  não seria hora de abandonar tudo e fugir. Em suma, não temos mais certeza se possuímos  ou  não  forças  espirituais,  psíquicas  e  físicas  para  seguir  no mesmo ritmo que tentamos manter no momento.

Por que será que muitas pessoas acham que a solução das pressões e tensões  é  protestar  com  mais  vigor,  correr  ainda  mais  depressa,  acumular mais  bens,  recolher  mais  informações,  tornar-se  mais  perito  em  tudo,  e, não, simplesmente verificar como está seu mundo interior?

Tudo funciona melhor de dentro para fora, do mundo interior para o exterior.

Será  que  vamos  pôr  ordem  no  nosso  mundo interior  para  que  ele  possa  exercer  influência  sobre  o  exterior.  Ou  vamos negligenciar  nossa  vida  interior,  e  dessa  forma  permitir  que  o  exterior comande tudo? É outra decisão que temos de tomar diariamente.

“Sobre  tudo  o  que  se  deve  guardar,  guarda  o  teu  coração,  porque dele procedem as fontes da vida.” (Pv 4.23) Mas  o  que  significa  “guardar”  o  coração?  Primeiro,  o  escritor  mostra claramente sua preocupação em que o coração seja protegido de influências externas que possam prejudicá-lo. 

sarahjsena

sarahjsena

Pedagoga e mestre em psicopedagogia pela Espanha, tem experiência há 10 anos com atendimentos individualizados com crianças, atuei na Secretaria de Educação há 7 anos com pessoas com deficiência.

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