Porque fazemos o que fazemos – Mario Sergio Cortella (77 páginas)
Lido em julho de 2018
CAPÍTULO 1 – A importância do propósito
Viva com propósito. Por que fazemos o que fazemos?
Uma vida banal é quando se vive de maneira automática, robótica, sem uma reflexão sobre o fato de existirmos e sem consciência das razões pelas quais fazemos o que fazemos.
Atualmente, no âmbito do mundo do trabalho, a pergunta sobre o propósito vem ganhando crescente relevância. Boa parte das pessoas hoje deseja encontrar no emprego algo que ultrapasse o mero ganho salarial. Há uma busca por ser reconhecido, por ser valorizado pelo que se faz. Não quero que meu esforço seja desperdiçado ou inútil. Tampouco que seja mal-intencionado, se sou uma pessoa de boa intenção.
Até algum tempo atrás, a vida era muito menos complexa e a intenção principal era sobreviver. Isto é, obter recursos para montar uma família e ter um patrimônio que se pudesse deixar de herança. Como a sociedade hoje é mais focada no indivíduo, a ideia de propósito está marcada por um conceito que já existiu e voltou com força: o da realização.Tanto que muita gente hoje se recusa a atuar em algumas atividades que sejam danosas à vida coletiva. A dinâmica da relação muda: não é só um emprego onde faço o que me mandam. Preciso saber para o que serve o que estou fazendo. Não quero ser apenas um inocente útil. Desejo que a minha atividade seja consciente.
Alienação se refere a tudo aquilo que eu produzo, mas não compreendo a razão. Isto é, sou apenas uma ferramenta para que as coisas aconteçam, mas não decido sobre o destino das minhas ações.
O propósito original do trabalho é que não nos deixemos morrer. Afinal de contas, somos seres de carência, de necessidade. Ou construímos o nosso mundo ou não há como existir.
Em relação a isso, foi feito um cálculo curioso. Somos hoje mais de 7 bilhões de humanos, mas, se fôssemos um animal que não trabalhasse, que não tivesse uma ação transformadora consciente e vivesse como os outros animais, apenas da natureza, stricto sensu, seríamos no máximo 10 milhões da nossa espécie. A começar pelo fato de que só poderíamos viver em regiões muito delimitadas do planeta. A região dos polos e a área temperada estariam excluídas, viveríamos numa faixa subsaariana onde seríamos capazes de encontrar um clima propício para a existência de coleta, sem predadores e com uma natureza que não fosse rarefeita. Nós, no entanto, só fomos além dos 7 bilhões porque, em vez de vivermos na natureza, vivemos com ela e dela.
Temos de trabalhar! Podemos fazê-lo para mera obtenção da sobrevivência ou também como um modo de marcar nossa presença no mundo!
CAPÍTULO 2 Eu, robô? Não…
Só na capital paulista, são cerca de 11 milhões de pessoas que trabalham tresloucadamente em seu cotidiano. Quem acumula quer continuar acumulando, e quem não tem precisa se mobilizar mais para ter alguma possibilidade de sobrevivência.
A divisão social do trabalho abordada pela sociologia, especialmente pelo francês Émile Durkheim, traz a percepção de que potencializamos nossas capacidades quando nos dividimos para fazer tarefas diferentes, de maneira a não termos de fazer a mesma coisa.
Para ser um mochileiro, é preciso ser livre de uma série de outras restrições.
Não adianta imaginar que um menino pobre da periferia de uma metrópole colocará uma mochila nas costas e viajará para a Austrália. Um garoto de família mais abastada seria capaz de fazer isso. Porque ele tem contatos, já armazenou na sua mochila vivencial uma série de ferramentas que o permitem essa experiência, porque é privilegiado. Para o outro não há escolha, ou trabalha ou morre.
Uma empresa inteligente tem funcionários que também pensam a razão daquilo que estão fazendo, inclusive porque isso permitirá que se produza inovação, isto é, que se pensem outros modos de se fazer aquilo que se faz e ganhar produtividade, competitividade, lucratividade e perenidade em relação ao próprio negócio.
CAPÍTULO 3 – Odeio segunda-feira pg 15
Quem começa o dia de trabalho com um nível de tristeza precisa reinventar as
razões pelas quais faz aquilo que faz. Isto é, qual é o seu propósito?
Não acredito, de maneira alguma, que a pessoa que sofra demais com a chegada da segunda-feira esteja apenas cansada. Na verdade, ela não está se encontrando naquilo que faz, precisa rever os propósitos que tem para aquilo que está fazendo.
Há sociedades no mundo em que a semana de trabalho é de seis dias, é o caso da japonesa. Nem todos os países têm trinta dias de férias. Há nações, como os Estados Unidos, em que as férias não são remuneradas. O empregado tem direito de tirar, mas não recebe. Há sociedades em que o período de férias é de cinquenta dias. Na sociedade japonesa, em que o trabalho intenso e contínuo é quase um dever moral, o funcionário não reclama, é resignado e a hierarquia é fechada.
Entre nós, não. Queremos, como na Europa, ir diminuindo o número de horas que trabalhamos para ganhar mais e trabalhar menos. O que é uma coisa inteligente, se, claro, coletivamente sustentável.
Mas o problema é que não temos uma partilha equilibrada das tarefas. Nas empresas é frequente a sobrecarga em algumas pessoas quando há um planejamento equivocado da distribuição de trabalho dentro do grupo. Uma chefia ou liderança que não saiba organizar o trabalho coletivo ficará sempre em desvantagem. Na hora do sufoco, geralmente aparece uma pessoa que diz “pode deixar que eu faço”. E sempre existe alguém a dizer “tudo bem, então você faz”.
É muito mais inteligente distribuir melhor as tarefas e preparar as pessoas para essa partilha do que colocar uma para fazer o trabalho de duas.
CAPÍTULO 4 Rotina não é monotonia
Muita gente se queixa da rotina do trabalho. Vale lembrar que rotina não é sinônimo de monotonia. O que faz com que haja um enfado em relação ao cotidiano profissional é a monotonia, não a rotina.
O trabalho rotineiro é um trabalho organizado, estruturado. O que, de fato, faz com que haja um enfado, um tédio, é a monotonia. O perigo é quando a rotina deixa de ser algo que me prepara melhor para aquilo que estou fazendo e passa a ser algo no qual eu não presto mais atenção. Isto é, quando a repetibilidade se torna automatismo. Há uma diferença entre a rotina, na qual eu faço uma atividade notando a sequência correta e a completo, e a monotonia, em que a faço sem perceber. Nessa hora, a motivação falece. Seja qual for a profissão.
.Uma das coisas mais perigosas em relação à monotonia é a distração. Ela faz com que você arrisque a sua integridade ou a da estrutura do negócio, da operação, do que está sendo feito.
CAPÍTULO 5 Autoria da obra
No século XXI, o conhecimento é muito importante para a inovação, criação, para que o indivíduo não se sinta alguém que apenas ganha seu sustento, mas que colabora, realiza e tem uma vida com propósito.
Cada vez mais desejamos o autoral. A percepção da autoria é necessária para que a pessoa se construa como indivíduo que não é descartável, que não é inútil e que não pode ser colocado à margem..
Muitas empresas enfatizam o outro caminho, tentando passar ao empregado o chamado “espírito de dono”, e isso pode ser muito interessante. A intenção é fazer o funcionário agir como se fosse proprietário da empresa. Ele sabe que não é, que é empregado, que tem outra relação, mas a percepção de dono faz com que ele atue como aquele que cuida da própria autoria, em vez de ser alguém que apenas executa. É muito ruim ser entendido apenas como um executor.
CAPÍTULO 6 O trabalho que nos molda
Nós fazemos o trabalho, mas, em certo sentido, ele também nos faz. Isso acontece na medida em que o trabalho ajuda a moldar as nossas habilidades e competências. As atividades que realizamos contribuem para formar a nossa identidade profissional.
O meu curso de vida, meu curriculum vitae, fez com que eu construísse a mim mesmo. Uma parte foi planejada, outra foi circunstancial.
CAPÍTULO 7 A origem da motivação
É necessário entender que, embora a palavra “motivação” signifique mover, movimentar, fazer com que haja o ponto de partida para algo, ela é um estado interior. Não devemos confundir motivação com estímulo!
O que um gestor pode fazer, por exemplo, com alguém que trabalha com ele? Pode estimulá-lo, impulsioná-lo, mas não obrigá-lo a fazer algo a partir de uma atitude que deve partir da própria pessoa. O integrante da equipe é capaz até cumprir a ordem, mas não estará motivado. Ele fará como uma tarefa, um dever.
No dia a dia de outras funções, no entanto, o que motiva alguém a ser professor, empresário, piloto, pai ou mãe? Aquilo que você deseja, que realiza, que o completa, aquilo que permite que você se reconheça. Eu me conheço naquilo que ajo.
Motivação é uma atitude interna. Quais são as minhas razões para fazer o que faço? A resposta revelará a fonte da minha motivação.
Uma pessoa motivada faz algo decisivo: ela procura excelência. A expressão latina excellens significa “aquilo que ultrapassa”, “aquilo que vai além”. Uma pessoa excelente é aquela que faz mais do que a obrigação!
Nós gostamos de um garçom quando ele faz mais do que a obrigação. Qual a obrigação de um garçom? Anotar os pedidos, trazer a comida etc. Mas por que se aprecia um bom garçom? Porque ele não faz só isso. Ele se antecipa à sua necessidade, sugere o lugar mais agradável, fica disponível sem se intrometer.
O lado externo, portanto, o lado objetivo da motivação será o estímulo. Às vezes, esse estímulo pode vir na forma de um prêmio, de um retorno financeiro, mas também pelo reconhecimento da autoria ou da qualidade daquele profissional e sua contribuição para o todo da obra.
Fazendo uma brincadeira com as palavras, posso falar que a motivação é o estímulo interno, enquanto o estímulo é a motivação externa, mas são duas coisas distintas.
CAPÍTULO 8 O que mais desmotiva
A principal causa da desmotivação é a ausência de reconhecimento.
Quando o profissional não é objeto de gratidão pelo que faz.
Embora o indivíduo saiba que é um empregado, ser só “mais um” empregado é um fardo muito maior. Ser só mais um não significa não ser nada. Quer dizer que não é o patrão, é um entre outros. E que, portanto, o não reconhecimento do valor, do resultado do trabalho, da colaboração no projeto coletivo, é absolutamente frustrante.
A fonte central da desmotivação é o não reconhecimento. Afinal de contas, se a pessoa está naquela atividade, algum motivo forte ela teve – pode ser a necessidade, a vontade de fazer aquilo, mas ela está exercendo aquele ofício por alguma razão. Essa razão vai minguando quando o não reconhecimento é corriqueiro.
A não ser por necessidade, é muito difícil persistir numa empresa na qual não se acredita mais, seja pelo produto, seja pela ação dela no mercado, ou pela conduta na comunidade.
A ausência de reconhecimento se manifesta de várias formas. Se o chefe é injusto, se o salário não é adequado.
Quando eu julgo que valho muito mais do que acham que estou valendo, é sinal de exploração. Uma coisa é colocar o meu trabalho a serviço de alguém, vender meu tempo para uma empresa. Outra coisa é achar que estou sendo explorado, isto é, que estão me usando sem retorno.
Tanto a ausência de reconhecimento quanto o reconhecimento superdimensionado são atitudes equivocadas no trato com o outro.
CAPÍTULO 9 – Trabalho com significação
Faço o que faço porque isso me dá satisfação e orgulho? Ou faço o que faço porque tenho de fazer e, se não fizer, pereço?
Aliás, por que o professor de cursinho não precisa pedir silêncio em sala de aula, enquanto o professor de ensino médio passa boa parte do tempo tentando controlar um grupo de quarenta adolescentes de dezessete anos? Porque no ensino médio o aluno está lá porque é obrigado. E ele está no cursinho porque
quer entrar na universidade. O propósito reordena as nossas ações. Passar pelo ensino médio é passar. Outra coisa é estar num lugar para fazer algo em busca de um objetivo.
CAPÍTULO 10 – Ética do esforço
A empresa é um lugar onde posso construir uma parcela daquilo que pode me proporcionar situações de felicidade. Mas quando alguém diz “Ah, eu quero fazer só o que gosto na vida”, lamento, isso é impossível.
Tenho um vínculo fortíssimo com a minha atividade de docente. Mas não gosto de fazer uma parte das coisas que faço. E outra parte imensa eu gosto muito de fazer.
Gosto muito de dar aula, mas não aprecio corrigir provas.
O caminho não é marcado apenas por coisas prazerosas.
Em relação a essa ética do esforço, um caso que costumo contar é o do exímio pianista Arthur Moreira Lima. Após um concerto magnífico, um jovem foi até ele e falou: “Gostei demais do concerto, eu daria a vida para tocar piano como o senhor”. E ele, de pronto, respondeu: “Eu dei. Foram quarenta anos de dedicação, de nove a dez horas diárias de esforço”.
É animador ter a capacidade de concluir uma obra, mas ela exige esforço. Essa ideia de esforço não necessariamente é aquilo que nos compensa mais.
CAPÍTULO 11 – Valores e propósitos
Quem deseja uma vida decente precisa de valores e propósitos decentes, que não sejam destrutivos, autofágicos, degradantes. Bons propósitos são aqueles que elevam o indivíduo e a comunidade na qual ele está inserido.
O que leva um empresário a trabalhar de segunda a segunda, dezesseis horas por dia, até o final da vida, e não almoçar fora, não brincar, não passear, não ver o mar, não contemplar a Lua?
Eu quero fazer coisas que me engrandeçam para além do acúmulo de patrimônio ou da mera remuneração. Quero algo que me permita ser admirado.
É preciso encontrar o equilíbrio, nem a acumulação pela acumulação, nem a recusa irredutível ao trabalho. Isso só é possível quando se tem clareza de propósito.
Não existe uma condição na sociedade que viabilize a vida sem trabalho, mas existem algumas possibilidades de existência em outros âmbitos.
CAPÍTULO 12 – Por que fazer? E por que não fazer?
Há coisas que eu posso fazer, mas não devo. E há coisas que eu não faço porque considero indecentes.
Não existe decisão sem abdicação. Não existe escolha sem exclusão. Se eu entendo a minha vida como resultante de opção livre, consciente, deliberada, intencional, todas as vezes que escolho, sei que deixo outras coisas de lado.
Isso se aplica ao campo dos afetos. Quando escolho uma pessoa para viver comigo e mantenho com ela um pacto de fidelidade, excluo outras pessoas da minha relação sensual. Escolha implica abdicação.
Compliance é uma palavra que passou a ser corrente no linguajar das organizações. Mas esse conjunto de disciplinas tem de estar nas práticas cotidianas. É a forma em que a empresa é vista pelo público interno e externo.
CAPÍTULO 13 – Tempo, tempo, tempo…
A quantidade de horas que passo absorvido nas atividades profissionais pode colidir com o tempo que eu gostaria de dedicar à convivência com a família.
O nível de gratificação ou de remorso dependerá muito de como se despendeu esse precioso recurso chamado tempo. Por exemplo, vários de nós utilizamos o tempo para acumular coisas que nos permitem cuidar melhor de pessoas, no campo da saúde e da educação, para que essas pessoas tenham uma existência mais digna.
Os caminhos que tomamos são fruto de escolhas. Vale lembrar que prioridade é uma palavra sem plural. Se você põe um “s”, deixa de ser prioridade. Quando ouço alguém dizer que tem duas prioridades, eu digo, “então você não tem, precisa fazer uma escolha”. A prioridade requer exclusividade. Se você deu conta dessa, estabelece outra, ou então abandona essa e passa para a próxima.
O que você deixou de fazer e deveria ter feito? O que você escolheu porque era mais cômodo? As escolhas terão seu custo. É preciso desenvolver uma capacidade de autorrevisão e reflexão a respeito delas.
CAPÍTULO 14 – Futuros e pretéritos
A procrastinação contínua é um distúrbio.
Ela é, acima de tudo, um indicador de que a pessoa tem medo de realizar aquilo. Isto é, ela tem um temor, porque se realizar o que tanto desejou, pode não ser aquilo que, de fato, vai felicitá-la.
Ter em mente “um dia vou ser bailarino”, “um dia vou ser escritor” e não o fazer permite que se viva o sonho, portanto, se viva muito mais a expectativa do que a realização.
Há uma obsessão muito forte por essa ideia de felicidade e, em grande medida, pessoas vivem muito mais a expectativa do que a realização.
O escritor francês Jules Renard anotou no diário dele, em 1893: “Caso se construísse a casa da felicidade, seu maior cômodo seria a sala de espera”.
Enquanto aguardamos aquilo que virá, não podemos deixar de viver aquilo que pode ser vivido agora. Não faz sentido ficar somente na espera.
CAPÍTULO 15 – Eu era feliz e não sabia
Quando estamos imersos em um ambiente monótono no mundo do trabalho, sem desafio, sem nada que nos estimule externamente ou que nos motive internamente, é muito comum prestarmos mais atenção na fechadura do que na maçaneta. E não abrimos as portas.
E não é que o trabalho não me ofereça desafios, eu é que não estou mais me oferecendo desafios. É aquele que diz: “Para mim, está bom assim. Deixa eu tocar minha vida, levar minhas coisas.”
Quando alguém perde esse encanto, que não é o encanto da novidade, mas o da vitalidade, começa a desistir. Não ter desafios é um fator de risco para a motivação.
CAPÍTULO 16 – Lealdade à empresa até quando?
Porque engolir sapo o tempo todo é algo que se pode entender como um sinal de coragem ou persistência, mas muitas vezes é sinônimo de covardia, isto é, alguém está submetido a um sofrimento no cotidiano e vai se conformando: “Eu sou mais fraco…”.
Mas a lealdade é cativada de outro modo, quando eu tenho reconhecimento, quando as pessoas são transparentes comigo, quando fico sabendo com clareza dos planos para o futuro, quando não sou tratado apenas como uma peça na engrenagem.
Agora, se eu percebo que estão tendo uma relação cínica comigo, que há hipocrisia no circuito, então não há motivo para ter lealdade. Eu toco o meu serviço enquanto me interessar, quando não interessar mais, saio fora.
CAPÍTULO 17 – Desenvolvimento gera envolvimento
Passadas três décadas desde então, é evidente que nenhuma empresa quer deixar de fortalecer a competência de seus funcionários. Mas o empregado não pode abrir mão de procurar, por conta própria, a sustentação da sua empregabilidade, que ele conquista quando, mesmo com as mudanças no mundo do trabalho, permanece apto e desejável para produzir com alto desempenho.
A responsabilidade pelo autodesenvolvimento é do próprio colaborador.
Essa necessidade de qualificação aparece hoje como uma urgência. Do ponto de vista da retenção, um profissional terá muito mais interesse em permanecer numa empresa que lhe ofereça oportunidades de aprimorar suas competências.
Sentir-se mais capaz, mais competente é algo absolutamente gratificante.
É gostoso estar num lugar onde muito se aprende. Portanto, um ambiente que me faça crescer é encantador.
CAPÍTULO 18 – Motivação em tempos difíceis
Conhecemos histórias de pessoas à nossa volta que ficaram desempregadas por um tempo, depois se levantaram, foram para outro lugar, fizeram a sua carreira, aquilo foi um momento. Também sabemos de um ou outro que tomou um tombo e nunca mais se levantou.
Não é fácil sair todos os dias de manhã, arrumado e esperançoso, em busca de um trabalho e voltar à noite sem ele. Mas ficar em casa – por conta do esforço que se despende e da chateação que é enfrentar todas as etapas dessa busca – não compensa de modo algum.
Porque aquele ou aquela que se empenhar todos os dias pode não encontrar, mas não será derrotado pela situação de não ter tentado. É difícil, gera intranquilidade, mas nessas horas é fundamental ter persistência.
Também é possível (e recomendável) aproveitar essa circunstância para investir no aperfeiçoamento de competências: estudar, ler, ter ideias, se informar a respeito de casos bem-sucedidos.
Quem fica sem trabalho evidentemente sofre um abalo na autoestima. E isso é compreensível, mas é preciso também entender que esse momento exige uma tomada de atitude no que se refere ao estado de espírito. Como diria Shakespeare, “or sink or swim”, “ou afunda ou nada”. Sim, chateia. Sim, é ruim, mas é preciso se reerguer.
CAPÍTULO 19 – Organizações com propósito
Há pessoas que encontram na empresa uma função social, que não é focada exclusivamente na lucratividade, mas faz bem à comunidade. Esse é um lugar em que é prazeroso trabalhar, portanto, tem um nível de atratividade maior.
A inovação e a criatividade têm ferramentas muito mais poderosas do que as que nós tínhamos antes. Era muito difícil há vinte, trinta anos, criar um novo negócio. Enquanto estar num negócio que já existia era fácil. Mas criar uma startup hoje é uma empreitada facilitada em relação ao passado, inclusive pela virtualização das relações. Não preciso mais ter um posto físico para vender, comprar, aprender, juntar, trabalhar.
CAPÍTULO 20 – A empresa me sustenta, eu a sustento
Uma empresa precisa ter lucratividade, rentabilidade, produtividade e competitividade.
Num ambiente de crescente interdisciplinaridade e conexões múltiplas, as organizações precisam de pessoas capazes de pensar o novo, de enxergar além da moldura, de buscar soluções para o que ainda está no horizonte. Essas capacidades só podem advir de gente com repertório técnico, intelectual e sensorial.
As empresas vivem de resultados, obtidos a partir da condição de competência que carregam. E essa competência está nas pessoas. Logo, as empresas vivem de pessoas.
Uma empresa que não oferece condições de reconhecimento no dia a dia compromete esse equilíbrio. E não só o funcionário é dispensável para a empresa, dependendo do ramo, a empresa é dispensável para ele. Haja vista que, a partir do nível de gerência média, acontece um rodízio intenso de executivos entre as organizações.
A retenção de um bom profissional passa pela percepção de que a empresa investe nele – o que é uma forma de reconhecimento.
Todas as vezes que a empresa é ingrata com o empregado ou o trata como se fosse tão somente uma peça a ser mobilizada ou desmobilizada conforme a urgência, isso cria indiferença no trabalhador.
Se ele percebe que a empresa investe nele, aumenta o nível de gratificação, de um lado, e de gratidão, do outro. Não significa que se obtenha lealdade absoluta, mas, ao menos, se estabelece um nível de fidelidade maior.
2 Comments