Roube como um artista de Austin Kleon
Lido em novembro de 2020

Capítulo 1 – Roube como um artista

Nada é original: O escritor Jonathan Lethem disse que, quando as pessoas chamam algo de “original”, nove entre dez vezes elas não conhecem as referências ou as fontes originais envolvidas.

O que um bom artista entende é que nada vem do nada. Todo trabalho criativo é construído sobre o que veio antes. Nada é totalmente original.

Toda nova ideia é apenas um mash-up ou um remix de uma ou mais ideias anteriores. Assim como somos um somatório dos nossos pais.

Escolarize-se
Escola é uma coisa. Educação é outra. As duas nem sempre se sobrepõem. Estando ou não na escola, é sempre sua tarefa melhorar a sua educação. Você tem que ser curioso com relação ao mundo em que vive. Confira. Investigue cada referência. Vá mais fundo do que qualquer outro – é assim que você irá em frente.

Leia sempre. Vá à biblioteca. Há magia em estar rodeado de livros. Perca-se pelas estantes. Leia bibliografias. O negócio não é o livro com o qual você começa, mas o livro ao qual aquele livro te levará.

Guarde suas ideias
Carregue um caderno e uma caneta com você aonde quer que vá. Acostume-se a sacá-los e a tomar nota dos seus pensamentos e observações. Copie suas passagens favoritas dos livros. Grave conversas que ouviu por aí. Rabisque enquanto fala ao telefone.

Viu algo que vale a pena roubar? Ponha no arquivo de furtos. Precisa de um pouco de inspiração? Abra o arquivo de furtos. Repórteres jornalísticos chamam isso de “arquivo morto” – gosto ainda mais desse nome. Seu arquivo morto é onde você mantém as coisas mortas que mais tarde você reanimará no seu trabalho.

Capítulo 2 – Não espere até sabem quem você é para começar

Se tivesse esperado para saber quem eu era ou o que eu queria fazer antes de começar a “ser criativo”, bem, eu ainda estaria sentado tentando me entender ao invés de estar fazendo o que quer que seja. Pela minha experiência, é no ato de criar e de fazer nosso trabalho que descobrimos quem somos.

Ninguém nasce com um estilo ou uma voz. Não saímos do útero sabendo quem somos. No começo, aprendemos fingindo que somos nossos heróis. Aprendemos copiando. Estamos falando de prática, não de plágio – plágio é tentar fazer o trabalho de outro passar por seu. Copiar é engenharia reversa. É como um mecânico removendo partes de um carro para ver como ele funciona.

Aprendemos a escrever copiando o alfabeto. Músicos aprendem a tocar treinando escalas. Pintores aprendem a pintar reproduzindo obras-primas.

Primeiro, você tem que descobrir quem vai copiar. Depois, tem que descobrir o que vai copiar.

Uma falha maravilhosa que há nos seres humanos é o fato de sermos incapazes de fazer uma cópia perfeita. É em nossa falha em copiarmos nossos heróis que descobrimos onde está o que é nosso. É assim que evoluímos. Portanto: Copie seus heróis. Perceba onde você fica aquém. O que existe aí que o torna diferente? Isso é o que você deveria ampliar e transformar em seu próprio trabalho.

Capítulo 3 – Escreva o livro que você quer ler

Quando amamos uma obra, ficamos desesperados por mais. Suspiramos por continuações. Por que não direcionar esse desejo para algo produtivo? Pense na sua obra favorita e em seus heróis. O que foi que eles esqueceram de fazer? O que poderia ter sido feito? Se ainda estivessem vivos, o que estariam fazendo hoje? Se todos seus criadores favoritos se reunissem e colaborassem, o que eles fariam com você na liderança da equipe? Vá fazer isso. O manifesto é esse: Desenhe a arte que você quer ver, comece o negócio que quer gerir, toque a música que quer ouvir, escreva os livros que quer ler, crie os produtos que quer usar – faça o trabalho que você quer ver pronto.

Capítulo 4 – Use suas mãos

Minha cartunista favorita, Lynda Barry, tem esse ditado: “Em nossa era digital, não esqueça de usar suas digitais!” Suas mãos são os dispositivos digitais originais. Use-as.

O computador é muito bom para editar suas ideias, e é muito bom para deixá-las prontas para publicar e lançá-las ao mundo, mas não é muito bom para gerar ideias. Há várias oportunidades para pressionar a tecla delete. O computador estimula o perfeccionista perturbado em nós – começamos a editar ideias antes de tê-las.

Experimente: se você tem o espaço necessário, arrume duas estações de trabalho, uma analógica e outra digital. Mantenha fora de sua estação analógica qualquer coisa eletrônica. Pegue um trocado, vá até a seção de material escolar da loja mais próxima e leve papel, canetas e bloquinhos adesivos. Quando voltar à sua estação analógica, finja que é a hora do ofício. Rabisque no papel, corte-o e cole os pedaços de volta. Fique de pé enquanto trabalha. Com tachinhas, prenda coisas nas paredes e procure por padrões.

Capítulo 5 – Projetos paralelos e hobbies são importantes

Uma coisa que aprendi em minha breve carreira: São os projetos paralelos que realmente decolam. Projetos paralelos são as coisas que você pensou que eram apenas distrações. Coisas que são só brincadeiras. Essas, na verdade, são as coisas boas. É aí que tudo acontece. Acho que é bom ter vários projetos caminhando ao mesmo tempo para que você possa saltar entre eles. Quando enjoar de um projeto, pule para outro, e quando estiver enjoado deste, pule para o projeto anterior. Pratique a procrastinação produtiva.

Reserve tempo para se distrair. Perca-se. Sonhe. Nunca se sabe aonde isso vai levar.

É importante ter um hobby. Um hobby é algo criativo que é só para você. Você não tenta ganhar dinheiro ou ficar famoso com isso, faz apenas porque o deixa feliz. Um hobby é algo que dá e não tira. Sem pressão, sem planos.

Capítulo 6 – O segredo: faça um bom trabalho e compartilhe-o com as pessoas

Se houvesse uma fórmula secreta para se tornar conhecido, eu a daria para você. Mas há apenas uma fórmula não-tão-secreta que conheço: Faça um bom trabalho e compartilhe-o com as pessoas. É um processo em duas etapas. Etapa um, “fazer bom trabalho”, é incrivelmente difícil. Não há atalhos. Faça coisas todo dia. Saiba que você ficará travado por algum tempo. Falhe. Melhore. Etapa dois, “compartilhar com pessoas”. Era muito difícil há dez anos, mais ou menos. Agora, é muito simples: “Coloque suas coisas na internet.”

As pessoas adoram quando você entrega seus segredos e, às vezes, se você for inteligente, elas o recompensam comprando as coisas que você vende. Quando você abre as portas do seu processo e convida as pessoas para que o acompanhem, você aprende.

Encontre pessoas na internet que amem as mesmas coisas que você e conecte-se a elas. Compartilhe coisas com elas. Você não tem que compartilhar tudo – na verdade, às vezes é melhor não. Mostre apenas um pouco do que está fazendo. Compartilhe um esboço, um rabisco ou fragmento. Compartilhe um vislumbre do seu processo. Pense sobre o que você tem a compartilhar que seria de valor para as pessoas. Compartilhe uma dica conveniente que você aprendeu trabalhando. Ou um link para um artigo interessante. Mencione um livro bom que esteja lendo. Se você está preocupado em entregar seus segredos, pode compartilhar seus pontos sem fazer a conexão entre eles. É o seu dedo que aperta o botão para publicação. Você tem o controle sobre o que compartilha e o quanto revela.

Capítulo 7 – A geografia não manda mais em nós

Você não precisa morar em qualquer outro lugar além de onde você está para começar a se conectar com o mundo em que deseja entrar. Se você se sente estagnado em algum lugar, se for jovem demais ou velho demais ou sem grana, ou se de alguma maneira está preso a um lugar, use o coração. Há uma comunidade de pessoas lá fora com a qual você pode se conectar.

Enquanto isso, se você não está envolvido com o mundo em que vive, pode construir o seu próprio. Cerque-se de livros e objetos que ama. Pregue coisas na parede. Crie seu próprio mundo.

Seu cérebro fica confortável demais no cotidiano que o cerca. Você precisa deixá-lo desconfortável. Precisa passar algum tempo em outra terra, entre pessoas que fazem coisas de uma maneira diferente da sua. Viajar faz o mundo parecer novo, e quando o mundo parece novo, nosso cérebro trabalha com mais empenho.

Capítulo 8 – Seja legal, o mundo é uma cidade pequena

Se você falar de alguém na internet, eles saberão. Todos têm um alerta do Google para o nome deles. A melhor maneira de superar seus inimigos na internet? Ignorá-los. A melhor maneira de fazer amigos na internet? Dizer coisas legais a respeito deles.

Você será tão bom quanto as pessoas das quais você se cerca. No espaço digital, isso significa seguir as melhores pessoas online – as pessoas que são muito mais espertas e melhores que você, as pessoas que estão fazendo trabalhos realmente interessantes. Preste atenção nos assuntos sobre os quais eles falam, o que estão fazendo, o que estão compartilhando.

Uma vez que coloca seu trabalho no mundo, você não tem controle sobre como as pessoas reagirão a ele.

Capítulo 9 – Seja chato, é a única maneira de terminar um trabalho

Cuide de você. O negócio é: precisa-se de muita energia para ser criativo. Você não vai ter essa energia se gastar em outras coisas.

Faça um favor a você mesmo: Aprenda a lidar com dinheiro o mais cedo que puder.

Poupe o máximo que puder. Tenha a formação e a educação que precisa pelo preço mais baixo que achar. A arte de poupar dinheiro vem de dizer não à cultura do consumo.

Mantenha seu emprego fixo: Um emprego te dá dinheiro, uma conexão com o mundo e uma rotina. Ficar livre de estresse financeiro também significa liberdade para a sua arte.

Um emprego faz você encontrar outros seres humanos. Aprender com eles, roubar deles. Tentei arranjar empregos onde pudesse aprender coisas que ajudassem em meu trabalho.

A pior coisa que um emprego faz é tirar seu tempo, mas ele recompensa ao dar uma rotina na qual você pode reservar um horário fixo para suas buscas criativas. Estabelecer e manter uma rotina pode ser ainda mais importante do que ter muito tempo.

Um calendário ajuda a planejar o trabalho, dá objetivos concretos e o mantém consciente do percurso.

Assim como você precisa de um registro dos acontecimentos futuros, precisa também de um registro dos acontecimentos passados.

Case bem

Escolher com quem se casar é a decisão mais importante que você tomará. E “case bem” não vale só para seu parceiro ou parceira de vida, mas também para as pessoas com quem faz negócios, cria amizades, quem você escolhe encontrar. Relacionamentos já são difíceis o suficiente, mas é preciso uma pessoa realmente incrível para se casar com alguém obcecado com busca criativa. Várias vezes é preciso que ela seja empregada, cozinheira, palestrante motivacional, mãe e editora – tudo de uma vez.

Um bom parceiro ou parceira te mantém com os pés no chão. Um amigo uma vez comentou que morar com um artista deve tornar nossa casa muito inspiradora. Minha mulher brincou: “Ah sim, é como morar com Da Vinci.” Ela é um gênio.

Capítulo 10 – Criatividade é subtração

A maneira de superar bloqueios criativos é simplesmente se impor algumas restrições. Parece contraditório, mas quando o assunto é trabalho criativo, limitação é liberdade. Componha uma música no seu intervalo de almoço. Pinte um quadro com uma única cor. Comece um negócio sem qualquer capital de empresas start-ups. Faça um filme com seu iPhone e alguns amigos. Construa uma máquina a partir de peças avulsas. Não invente desculpas para não trabalhar – faça coisas com o tempo, o espaço e os materiais que você tem, agora mesmo.

Criatividade não é apenas o que escolhemos usar, são as coisas que escolhemos deixar de fora. Escolha com sabedoria.

E cadê as 10 dias de criatividade? Terá que ler o final do livro… hehe Mas elas são simples… coisas do dia-a-dia, como sair para esparecer, deixar as ideias fluírem…

sarahjsena

sarahjsena

Pedagoga e mestre em psicopedagogia pela Espanha, tem experiência há 10 anos com atendimentos individualizados com crianças, atuei na Secretaria de Educação há 7 anos com pessoas com deficiência.

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